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Protestos pró-democracia encolhem em Hong Kong

Federação de Estudantes e governo buscam negociar saída para o impasse

Ativistas, que deixaram funcionários entrar na sede do governo, dizem que diluição do protesto é um 'recuo tático'

MARCELO NINIO ENVIADO ESPECIAL A HONG KONG

Os protestos pró-democracia em Hong Kong encolheram nesta segunda-feira (6), enquanto o governo e a Federação de Estudantes ensaiavam negociar uma saída para o impasse, que entrou em sua segunda semana.

Centenas de pessoas ainda ocupavam as áreas centrais de Hong Kong horas depois do ultimato dado pelo governo para que as ruas fossem desbloqueadas.

O número de manifestantes era bem menor que nos últimos dias, mas os ativistas atribuíram a diluição a um "recuo tático" e prometeram manter o protesto até as exigências serem atendidas.

Concentrado em torno da sede do governo local, o movimento de ocupação das ruas é um protesto à decisão do Partido Comunista chinês de impor restrições à eleição do próximo chefe do Executivo de Hong Kong, em 2017.

Segundo a decisão, o novo governador será eleito em um sufrágio universal, mas os candidatos terão de ser pré-aprovados por um comitê que é fortemente influenciado pela China.

100 MIL

Exaustos após dez dias acampados nas ruas e sob a ameaça de uma ação severa da polícia, muitos manifestantes se retiraram, diluindo um protesto que chegou a reunir quase 100 mil pessoas nos dias mais concorridos.

Embora os estudantes tenham iniciado contato com o governo, a solução para a questão parece distante.

Sobretudo porque poucos acreditam que o governo chinês concordará em rever as regras da eleição de 2017.

Lester Shum, número dois da Federação de Estudantes de Hong Kong, disse que os dois lados tentam estabelecer os termos da negociação, sem esconder a suspeita entre ativistas de que o governo só busca ganhar tempo.

"Queremos chegar a um consenso sobre as conversas antes de avançar", disse Shum. "Não queremos que isso vire uma mera consulta ou bate-papo."

Ainda que em número menor, os manifestantes que mantêm a ocupação das ruas se mostram determinados a não ceder.

Amparado por alguns jovens, o ambientalista Benny Mok, 51, completava o quinto dia em greve de fome, sentado numa cadeira dobrável em frente à sede do governo.

"Quero mostrar aos que nos acusam de perturbar a ordem pública que estamos fazendo um enorme sacrifício pessoal", disse Mok à Folha.

SEM UNANIMIDADE

O movimento que capturou a atenção do mundo está longe de ser uma unanimidade em casa.

Muitos moradores estão visivelmente incomodados com os transtornos causados pelo bloqueio de ruas e reclamam de prejuízos à economia e à imagem de Hong Kong como centro de negócios.

"Apoio a democracia, é claro. Mas esses protestos causam mais danos que benefícios, e está claro que não levarão a lugar nenhum", diz Liz, 36, diretora de fábrica na cidade vizinha de Shenzhen, na China continental.

Nesta segunda, os funcionários públicos puderam entrar normalmente na sede do governo, depois que os estudantes cumpriram a promessa de retirar as barricadas da entrada do prédio.

No fim da noite, raros eram os estudantes que ainda estavam acampados no local, cena bem diferente do mar de gente dos últimos dias.

Apesar de ainda pairar no ar uma ameaça de ação policial mais dura, o governo parece ter adotado uma tática paciente, confiando em vencer os manifestantes pelo cansaço.

Principalmente depois do fracasso da repressão do dia 28, quando a polícia usou gás lacrimogêneo e spray de pimenta para tentar liberar as ruas e desatou cenas de confronto, que acabaram atraindo mais simpatia doméstica e internacional para o movimento.

"Quanto mais a população de Hong Kong for reprimida, maior será a resistência", disse o líder estudantil Joshua Wong, 17, que se tornou uma das faces mais proeminentes dos protestos.


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