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Contra violência, EUA defendem promover tolerância entre jovens
Para assessora, relação com muçulmanos vive momento 'crítico'
O principal nome do governo Barack Obama para o diálogo com os muçulmanos só vê uma opção para evitar uma nova onda de violência como a originada pelo vídeo "Inocência dos Muçulmanos", que satiriza Maomé: promover, entre os jovens pelo mundo, o respeito entre as diferenças.
"Há um aumento do ódio, de todas as formas, e as pessoas estão usando as mídias sociais tanto para o bem como para o mal. Mas essa geração de jovens tem o poder de fazer com que haja respeito mútuo em todo o mundo", disse Farah Pandith, representante do Departamento de Estado para as comunidades muçulmanas, durante palestra nas Faculdades Rio Branco, ontem em São Paulo.
Dissipar o ódio na sua origem seria então mais eficaz do que tentar proibir manifestações ofensivas.
Isso porque, segundo ela, nos EUA, tão importante quanto a dura condenação feita por Obama ao polêmico trailer produzido por um americano é o respeito à liberdade de expressão. "Posso assegurar que americanos de todo o país condenam esse vídeo, mas defendem o direito de a pessoa se expressar."
Divulgado no YouTube, o trailer deflagrou violentos protestos pelo mundo, que deixaram vários mortos -entre eles o embaixador na Líbia, Christopher Stevens, que morreu num ataque ao consulado do país em Benghazi.
Para Pandith, que trabalha pela aproximação entre o governo e os muçulmanos desde os ataques de 11 de setembro de 2011, este é um momento "crítico" para essa relação.
"As pessoas já entenderam que com um tuíte, com a ameaça de queimar o Corão ou com um vídeo é possível atear fogo no mundo. Mas nós entendemos o poder de uma geração [de jovens] de condenar e combater violência."
A representante também considera que a Europa enfrenta um "momento difícil" no diálogo sobre religião. "Há uma discussão acalorada sobre expressão de identidade na Europa", disse, citando o caso da França, que baniu o uso do véu em 2011. (IF)