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Tempestade no caribe

Sandy, antes de chegar aos EUA, provocou estragos na região, especialmente no Haiti, que registrou o maior número de mortos

RENATO MACHADO COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE PORTO PRÍNCIPE

Mesmo sem estar na rota direta do Sandy -que acabou atingindo a Costa Leste dos EUA, incluindo Nova York, que sofre até hoje as suas consequências-, o Haiti foi outra vez o país mais prejudicado do Caribe pela passagem de um furacão pela região.

As chuvas e ventos fortes deixaram um total de 54 mortos e destruíram parte da já precária infraestrutura local. E mesmo agora, duas semanas após o furacão, os haitianos ainda enfrentam inundações, além de desabastecimento e do risco de cólera.

O Sandy seguiu uma rota no Caribe passando por Jamaica, Cuba e Bahamas -antes de seguir para os Estados Unidos. Mas o furacão de categoria 2 também provocou chuvas fortes durante três dias no Haiti. Como o país tem milhares de pessoas vivendo à beira de encostas ou junto ao mar e aos rios, as tempestades causaram um forte impacto na população.

"Nosso problema não eram os ventos. Nosso grande problema foram as chuvas fortes que atingiram diversos lugares do país, provocando inundações e destruição da infraestrutura e das plantações. Há ainda hoje algumas comunidades que estão inundadas", disse Joseph Edgar Celestin, do Escritório de Proteção Civil do Haiti.

O número de mortos em decorrência do furacão deve aumentar nos próximos dias, uma vez que 21 pessoas continuam desaparecidas. O governo decretou estado de emergência por um mês.

As fortes chuvas e inundações também danificaram dezenas de trechos de rodovias e chegaram a provocar quedas de pontes. Também houve problemas em hospitais, e cem escolas continuam fechadas por terem sido danificadas. A falta de aulas é ainda agravada porque muitas delas foram transformadas em abrigos de emergência para pessoas que moravam em situação de risco.

ABRIGOS

A Folha esteve anteontem na comunidade de Croix de Bouquet, que havia sido uma das mais atingidas pelas inundações na região de Porto Príncipe. Com o fim das chuvas, a vida começou a voltar ao normal, com ruas já limpas e movimentadas.

No entanto, é possível ver casas vazias e com rachaduras e alguns campos de deslocados -onde pessoas que perderam suas casas no terremoto passaram a viver em tendas- estão menores, pois muitas famílias ainda estão nos abrigos de emergência.

Além dos prejuízos de infraestrutura, o governo haitiano e os organismos internacionais também solicitam ajuda estrangeira porque praticamente toda a colheita agrícola foi perdida.

E isso acontece em um momento em que o Haiti explodia em protestos de norte a sul do país, em razão da alta dos preços dos alimentos.

"Pode não haver produção de alimentos até março, devido à combinação desses dois furacões. O Isaac atingiu todas as plantações do norte há alguns meses. E agora o Sandy destrói as plantações no sul, em um período de colheita. Isso tudo pode aumentar a instabilidade política", afirmou Johan Peleman, chefe do escritório da Ocha (Escritório da Organização das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários).

Peleman disse que o Haiti necessita, em um primeiro momento, de US$ 39 milhões para atender a questões envolvendo abrigos de emergência, moradia, saúde e alimentação. O governo haitiano e organismos internacionais lançaram na semana passada um apelo aos países para levantar esses recursos.

"Há também o problema da água e do saneamento, e é por isso que receamos um pico de cólera", disse Périclès Jean-Baptiste, porta-voz da Cruz Vermelha haitiana. A doença é uma grande preocupação no país, porque já vitimou 7.400 pessoas desde o terremoto de 2010.

Para piorar, 61 centros de tratamento de cólera foram destruídos ou danificados com a passagem do Sandy.


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