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Europa tem greves e mobilização contra a crise em 23 países

Multidão saiu às ruas em locais como Espanha, Portugal e Grécia, mas autoridades defendem ações de austeridade

Participação em greve foi moderada na Espanha em relação a março; em Portugal, protestos foram menores

CLÓVIS ROSSI ENVIADO ESPECIAL A CÁDIZ, ESPANHA

A greve geral na Espanha e em Portugal e as manifestações convocadas pelos sindicatos em 23 países europeus terminaram como começaram: com uma expressiva demonstração de mal-estar social que, no entanto, os governos não escutam. Um diálogo de surdos, em resumo.

Antes mesmo de uma impressionante massa ocupar os 2.600 metros que separam a praça de Colón da estação de Atocha, no centro de Madri, o ministro espanhol de Economia, Luis de Guindos, já decretava: "O plano do governo é a única alternativa".

Rebatia Judith Kirton-Darling, da Confederação Europeia de Sindicatos, promotora do "dia de mobilização e ação social" levado a cabo em 23 dos 27 países da União Europeia: "As políticas de austeridade estão aumentando as desigualdades e a instabilidade social e não estão resolvendo o problema econômico".

A sindicalista tem certamente razão quanto aos dois primeiros pontos que menciona, do que dão prova dados do próprio dia da mobilização, relativos à Grécia e a Portugal.

Neste último país, o desemprego no terceiro trimestre subiu para o recorde de 15,8% porque mais 44 mil pessoas juntaram-se aos sem emprego. Na Grécia, a economia retrocedeu 7,2% no terceiro trimestre, na comparação com o mesmo período de 2011, declínio mais acentuado do que os 6,3% do trimestre anterior.

O ministro Guindos, no entanto, não deixa de ter razão, ao afirmar que não há alternativa à austeridade adotada em toda a Europa: os governos dos países endividados perderam o controle de suas finanças e estão condenados a seguir o receituário ditado principalmente pela Alemanha se pretendem evitar a quebra.

O que torna dramática a situação dos países em dificuldades como Portugal, Espanha e Grécia é o fato de que nem a dívida nem o deficit público que a alimenta estão sendo reduzidos na proporção esperada.

A Espanha, por exemplo, ainda terá um deficit de 6,4% de seu PIB em 2014, em vez de reduzi-lo ao patamar de 3%, que é o limite máximo permitido pelos tratados que criaram o euro.

Nesse cenário, o acatamento à ordem de greve foi até moderado, se comparado com a greve anterior, em março. Um dado: o consumo de energia elétrica, reflexo do nível de atividade, caiu na Espanha 12,5%, três pontos percentuais menos do que em março.

Em Portugal também havia menos gente cercando a Assembleia da República do que na manifestação de setembro contra a chamada troica (Banco Central Europeu, Comissão Europeia e Fundo Monetário Internacional, xerifes da economia).

Os sindicalistas espanhóis não esperavam mesmo que o governo os ouvisse. Tanto é assim que, primeiro, decidiram estender a manifestação no centro, iniciada por volta de 18h30 (15h30 em Brasília), até a manhã de hoje, quando tomará a forma de uma vigília diante das Cortes, o Parlamento espanhol.

Depois, pretendem discutir se e como promover um referendo sobre as políticas de austeridade.

"São rejeitadas em massa pela população", antecipa desde já Cándido Méndez, secretário-geral da UGT (União Geral de Trabalhadores), uma das que organizaram o protesto de ontem.


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