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Hamas festeja, mas baixa tom contra Israel

Gaza vive euforia no 1º dia após o cessar-fogo e assiste a desfile de crianças fantasiadas como militantes islâmicos

Em entrevista à Folha, porta-voz do grupo abandona discurso de confrontação e acena com diálogo com Israel

MARCELO NINIO ENVIADO ESPECIAL A GAZA

Crianças de colo fantasiadas de militantes islâmicos, com armas de brinquedo em punho, participaram ontem de um barulhento desfile pelo centro de Gaza para marcar a trégua com Israel, que os palestinos comemoraram como uma grande vitória.

A celebração também deu o tom das declarações dos dirigentes do Hamas, grupo radical que controla Gaza, nas primeiras horas do cessar-fogo que colocou fim a oito dias de ofensiva israelense no território palestino.

Fontes palestinas atualizaram para 161 o número total de mortos em Gaza. Em Israel, os mortos chegaram a seis, quando um soldado não resistiu aos ferimentos.

FLEXIBILIDADE

Ao lado das costumeiras bravatas do Hamas, houve inéditas indicações de flexibilidade sobre uma convivência possível com Israel.

O porta-voz do governo islâmico de Gaza, Taher Nono, disse que o Hamas poderia considerar uma calma de mais longo prazo, sem repetir em nenhum momento a meta de destruir Israel contida na carta do grupo.

"O islã não proíbe a paz com Israel", afirmou à Folha.

O inédito pragmatismo não significa uma renúncia à luta armada, ao contrário. Nono reiterou que o grupo mantém a "resistência" como única forma de chegar ao Estado Palestino.

Mas sentindo-se em posição de força após ter aceitas suas condições para o cessar-fogo, o Hamas aproveita a legitimidade recebida com o acordo, negociado de igual para igual com Israel, para se impor como o principal representante dos palestinos.

Embora o Hamas rejeite dialogar com Israel, Nono admite que, na prática, o que parecia impossível já vem acontecendo há tempos.

Negociações indiretas como a que resultaram no cessar-fogo levaram, por exemplo, à libertação do soldado israelense Gilad Shalit, no ano passado, em troca de 1.027 prisioneiros palestinos.

FATAH

A autoconfiança pôde ser comprovada nas celebrações que ontem tomaram as ruas de Gaza, onde as bandeiras do Fatah, o rival palestino do Hamas, foram permitidas pela primeira vez em anos.

O racha entre as duas facções, que mantém os palestinos de Gaza e Cisjordânia fisicamente divididos desde 2007, ainda parece longe do fim. O Hamas, porém, conta com a afinidade ideológica com o novo governo islamita do Egito para entrar em um acordo com o Fatah em posição de superioridade.

Enquanto a vida voltava ao normal ontem em Gaza, o mesmo ocorria em Israel, que foi alvejado por mais de 1.500 disparos de foguetes durante as hostilidades.

O clima não era de festa como em Gaza, mas de sentimentos divididos, entre os que respiraram aliviados e os que defendiam a continuação da ofensiva para acabar com o regime do Hamas.


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