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Análise

Ocidente pode repetir erros e endossar uma nova ditadura

SIMON TISDALL DO “GUARDIAN”

Países ocidentais como os Estados Unidos e o Reino Unido admitem que não previram a revolução egípcia. Será que eles estão cometendo o mesmo erro de novo?

Menos de dois anos depois da derrubada de Hosni Mubarak, seu sucessor, Mohamed Mursi, está refugiado no palácio presidencial, protegido por tanques, enquanto manifestantes furiosos o denunciam como "novo faraó".

Os distúrbios iniciados em 22 de novembro não mostram sinais de recuo.

A despeito da fúria quanto ao que muitos percebem como golpe branco de sua parte, a queda de Mursi não parece provável no curto prazo.

A Irmandade Muçulmana, força política mais poderosa do Egito, continua a apoiá-lo irrestritamente.

"A oposição é uma estranha mistura de liberais, socialistas, adeptos nostálgicos do antigo regime e egípcios comuns insatisfeitos, cada qual com suas queixas e objetivos distintos", afirmou Shadi Hamid em artigo na revista "Foreign Policy".

Presumindo que ele sobreviva à tempestade, a autoridade e prestígio de Mursi ficarão seriamente abalados.

A perspectiva de debilidade política crônica e persistente no Egito é má notícia para o Ocidente e a região.

Os Estados Unidos, o Reino Unido e os países árabes favoráveis ao Ocidente inicialmente encararam com desconfiança a ascensão da Irmandade Muçulmana.

Mas as dúvidas cederam lugar ao alívio quando Mursi começou a se apresentar como figura unificadora, formando governo inclusivo.

O discurso de Mursi em Teerã, quando exigiu a renúncia do regime sírio, causou raiva aos anfitriões iranianos e deliciou Washington.

O valor de Mursi como líder de um Egito renascido e interessado em retomar seu papel de liderança no mundo árabe ganhou importância com a passagem dos meses. Mas a crescente instabilidade política agora coloca todos esses ganhos em risco.

Da perspectiva ocidental, os desdobramentos servem para despertar os temores iniciais de que Mursi seja pouco mais que uma fachada para uma sinistra conspiração da Irmandade, com o objetivo de impor um sistema islâmico no Egito e exportá-lo.

A menos que denunciem os esforços de Mursi para expandir seu poder, os EUA e seus aliados correrão o risco de repetir seus antigos erros e endossar uma ditadura.


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