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Câncer de Chávez volta, e Venezuela vive incerteza

Presidente, que vai para Cuba, pede voto em seu vice em eventual eleição

Apoiadores rezaram pelo venezuelano, que admite risco "inegável" na quarta cirurgia que enfrentará em 18 meses

DE SÃO PAULO

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, retornaria ontem a Cuba para uma nova cirurgia contra um câncer após afirmar pela primeira vez que a doença pode pôr fim a seu governo e nomear seu candidato à sucessão.

O anúncio, em cadeia nacional de rádio e TV na noite de sábado, abre período de expectativa e incertezas.

Chávez foi reeleito em outubro para governar até 2019 e o novo mandato começa em 10 de janeiro. Caso deixe o poder nos próximos quatro anos, novas eleições presidenciais têm de ocorrer no prazo de 30 dias.

Sereno, o presidente esquerdista de 58 anos apareceu na TV ao lado dos principais ministros, de semblantes consternados, e pediu "de coração" que os venezuelanos elejam o chanceler e vice-presidente, Nicolás Maduro, como continuador de sua revolução bolivariana, no poder há 14 anos.

"Minha opinião firme, clara como a lua cheia, irrevogável, absoluta, total é que, nesse cenário que obrigaria a convocar eleições, vocês elejam Nicolás Maduro."

Ex-motorista de ônibus e sindicalista, Maduro, 50, chanceler desde 2006, foi nomeado vice-presidente em outubro -diferentemente do Brasil, o vice não faz parte da chapa eleitoral. É da ala civil do chavismo, leque de forças que muitos creem que só Chávez é capaz de manter unidas.

Segundo o presidente, foram encontradas novas células malignas na região pélvica, local do primeiro tumor extraído em junho de 2011, e por isso ele terá de se submeter a uma nova operação, a quarta em 18 meses.

Chávez afirmou ter feito "esforço adicional" para voltar a Caracas (ele passou 19 dias em Havana) para fazer o anúncio. Disse sentir "dores de alguma importância", que está tomando calmantes e que são "inegáveis" os riscos da nova intervenção.

"Quero dizer algo, ainda que soe duro, mas quero dizer. Devo dizer", declarou, citando a convocatória de eleições prevista na Constituição "se se apresentar alguma circunstância inesperada" mesmo antes da nova posse.

Chávez, que na campanha se disse curado do câncer do qual não dá detalhes, negou ter enganado os eleitores.

CABELLO E MILITARES

Ontem, a Assembleia Nacional aprovou pedido de Chávez para se ausentar do país. Ele não delegou os poderes e seguirá governando de Havana, disse o presidente da Casa, o militar reformado Diosdado Cabello, homem forte do chavismo e tido como influente nos quartéis.

Cabello pode ter papel crucial nas próximas semanas, se a doença impedir Chávez de tomar posse em janeiro. Pela Carta, neste caso, é o presidente da Assembleia que assume, num mandato-tampão, até as novas eleições.

Analistas miram os militares como fator importante nos próximos meses, quer no posicionamento no chavismo quer como garantidores de novas eleições. Ontem, o ministro da Defesa, almirante Diego Molero, considerado ultrachavista, divulgou nota declarando fidelidade das Forças Armadas "à pessoa" de Chávez e à sua revolução.

O dia ontem foi de orações pelo presidente nas ruas, enquanto opositores criticavam a falta de transparência do governo, mas elogiavam a menção de Chávez a eventuais novas eleições. "É muito importante", disse Ramón Aveledo, da MUD, a coalizão opositora.


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