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Dono de bordel é eleito para conselho e choca condado dos EUA

Lance Gilman faz parte de nova geração do setor e pretende transformar região do Estado de Nevada em um grande polo industrial

MALIA WOLLAN DO “NEW YORK TIMES”, EM SPARKS (NEVADA)

Deixando de lado o sexo à venda, os bordéis de Sparks, no Nevada, tendem a ser estabelecimentos modestos: prédios malconservados que ficam longe das vistas públicas, em áreas rurais, na periferia da cidade ou camuflados por árvores.

Mas algo que era inconspícuo ganhou destaque no mês passado com a eleição de Lance Gilman, proprietário do primeiro bordel licenciado do país, a uma cadeira no Conselho de Comissários do Condado de Storey.

"Os habitantes do Nevada não se importam com os bordéis", explicou Gilman, 68, dono do Mustang Ranch. "São outras pessoas que ficam tão incomodadas."

O condado de Storey cobre 678 km² de terreno semidesértico a leste de Reno, e Gilman, industrial originário de San Diego, é dono de quase 65% dessa área. Em suas terras, Gilman e seu sócio estão criando o que divulgam como sendo o maior parque industrial do mundo.

Gilman prevê que, quando o projeto for concluído, cerca de 150 mil pessoas vão trabalhar no parque -quase 40 vezes a população atual do condado. Cerca de 1.800 caminhões já chegam diariamente aos centros de distribuição do Wal-Mart e PetSmart em Sparks.

Quer o produto seja sexo, bens manufaturados ou bancos de servidores de internet, Gilman é proponente do livre mercado.

Ele faz parte de uma nova estirpe de proprietários de bordéis no Nevada -pessoas que fizeram fortuna com outras atividades e não têm medo de publicidade.

Acredita-se que ele seja o primeiro dono de prostíbulo a ser eleito para um cargo público no Estado, e sua candidatura provocou arrepios em alguns atuantes no setor do sexo legalizado.

George Flint, lobista da Associação de Proprietários de Bordéis do Nevada, explicou: "Sou da velha escola: acredito que a melhor maneira de sobreviver neste ramo é conservar uma discrição. Estes sujeitos novos chegam e acham que com a legalidade vem a aceitabilidade. Eles não entendem a fragilidade deste setor."

NEGÓCIO SECULAR

A prostituição é um dos esteios econômicos do condado de Storey desde a descoberta do minério de prata, em 1859, que atraiu homens de todo o país.

"Os prostíbulos hoje são legais porque os condados codificaram algo que já existia", afirmou Barbara Brents, professora de sociologia na Universidade do Nevada, em Las Vegas, e estudiosa da indústria do sexo no Estado.

Ao menos 23 bordéis legalizados operam em Nevada hoje, embora o número apresente flutuações sazonais.

Antes de 2008, esses estabelecimentos tinham cerca de 500 mil fregueses e movimentavam US$ 250 milhões por ano. Com a recessão, essa receita caiu pela metade.

O Mustang Ranch é um dos maiores bordéis legais do Estado. Antes da recessão, empregava 80 prostitutas e recebia até 250 fregueses por dia.

Em 1971 o Mustang Ranch tornou-se o primeiro bordel licenciado do país; seu proprietário era o siciliano Joe Conforte, que fugiu para o Brasil em 1990 depois de ser acusado de sonegação fiscal.

O governo federal desapropriou o terreno do bordel e, em 2003, leiloou no eBay o nome e as construções do estabelecimento. Gilman os comprou por US$ 145.100 e levou o negócio para outro local.

"Não tenho nada contra a prostituição", falou Marshall McBride, 55 anos, que, como Gilman, é membro recém-eleito da comissão do condado, que tem três integrantes. "No passado, os bordéis foram um dos motores econômicos deste condado. Agora o motor é Lance Gilman."


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