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Justiça chilena autoriza exumar restos de Neruda
Decisão atende a um pedido do Partido Comunista, para quem o poeta foi executado
Os restos mortais do poeta Pablo Neruda (1904-1973), Prêmio Nobel de Literatura de 1971, serão exumados em março, conforme determinação da Justiça do Chile.
A decisão atende a um pedido do Partido Comunista daquele país, do qual Neruda era membro. A instituição quer esclarecer as causas da morte do escritor, que sempre geraram controvérsia.
Neruda morreu em Santiago, em 23 de setembro de 1973, 12 dias após o golpe militar que levou o general Augusto Pinochet ao poder.
O poeta estava hospitalizado, com câncer. Manuel Araya, ex-motorista do escritor, alega que ele teria recebido uma injeção letal, já que andava e falava normalmente horas antes de morrer.
Cientistas forenses acreditam ser difícil descobrir, a partir dos restos, se Neruda recebeu dose de drogas alta o suficiente para matá-lo.
A Fundação Pablo Neruda anunciou ontem seu apoio à decisão, da qual foi informada semanas atrás.
Em 2011, quando o Partido Comunista fez o pedido de exumação, a fundação afirmara "não haver quaisquer provas de que Pablo Neruda tenha morrido de outra causa que não o câncer".
As autoridades chilenas já autorizaram duas exumações dos restos de Salvador Allende, presidente deposto pelo golpe que levou Pinochet ao poder e amigo de Neruda.
Os restos foram exumados por ordem do mesmo juiz, Mario Carroza, para esclarecer se Allende cometeu suicídio ou foi morto por soldados durante a invasão do palácio presidencial no golpe de 1973. O exame confirmou que Allende se matou com tiros na cabeça.