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Sem Chávez, governo desvaloriza moeda

Queda do bolívar forte ante o dólar transformou véspera de Carnaval em "sexta-feira negra" na Venezuela

Ministros dizem que presidente, internado em Cuba há 2 meses, aprovou medida; Patriota viaja a Caracas

FLÁVIA MARREIRO DE SÃO PAULO

Com Hugo Chávez hospitalizado em Cuba e sem fazer manifestações públicas há dois meses, o governo da Venezuela anunciou ontem a desvalorização da moeda em mais de 30%, uma medida impopular que era esperada havia semanas por analistas do mercado.

A taxa de câmbio oficial de 4,3 bolívares fortes por dólar passou a 6,3 -no paralelo, a moeda americana é trocada por mais de 20 bolívares, num índice da defasagem cambial.

A última desvalorização havia ocorrido em 2010.

A mudança deve ter efeito imediato nos cofres do governo e da estatal do petróleo PDVSA, responsável por 90% dos dólares que entram no país. Agora, a empresa, que de acordo com a imprensa especializada enfrenta problemas de fluxo de caixa, receberá mais bolívares pelas divisas que entrega ao Estado.

A desvalorização também reduz o valor relativo da dívida, em alta após o gasto do ano eleitoral de 2012, em relação às receitas do governo.

SEXTA NEGRA E PATRIOTA

O anúncio, segundo o governo, foi aprovado por Chávez, que em dezembro realizou sua quarta cirurgia oncológica em um ano e meio. Ele não compareceu à cerimônia de posse de seu novo mandato, em 10 de janeiro.

Analistas especulavam quanto tempo o governo seria capaz de adiar a decisão de desvalorizar -mal vista pela população, que costuma esperar como consequência a alta da inflação- diante da conjuntura política.

"Seja como for, ela já vem tarde e é insuficiente. Acontece depois do estrago causado na inflação e na escassez", disse à Folha Alejandro Grisanti, venezuelano analista da Barclays Capital.

Depois de um período de queda graças a congelamentos de preços, a inflação voltou a subir em outubro, quando se reduziu o fluxo de divisa para importadores.

O país enfrenta a mais alta taxa de escassez de produtos desde 2008 (20%). Açúcar, farinha de milho e de trigo desapareceram das prateleiras.

A inflação fechou janeiro em 3,3%, uma das taxas mais altas em três anos.

A desvalorização transformou a véspera do Carnaval na Venezuela em "sexta negra", e foi criticada pela oposição, que acusou o governo de impor um "pacotaço" quando prometeu o contrário na eleição presidencial.

"Não é exatamente uma surpresa. Das dez desvalorizações feitas pela Venezuela, sete foram no Carnaval", diz Grisanti. Chávez voltou a fixar o valor do dólar em 2003, parte do ciclo de controle de câmbio e desvalorizações que se repete nas últimas décadas no país.

Hoje, o chanceler brasileiro Antonio Patriota se reúne em Caracas com seu colega Elías Jaua, na primeira visita do brasileiro ao país desde que Chávez está em Havana.


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