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EUA vão cortar até US$ 85 bi do Orçamento
Válido a partir de hoje, 'sequestro' é fruto de impasse legislativo e pode frear crescimento
Sem conseguir costurar no Congresso um pacote fiscal que reduza gastos e evite choque maior em setores cruciais, a Casa Branca colocará em vigor antes do último minuto de hoje corte de até US$ 85 bilhões (R$ 168 bilhões) no Orçamento de 2013, com risco de frear o crescimento.
A maioria dos cortes focará gastos militares e sociais -caros, respectivamente, a republicanos e democratas.
O gatilho foi criado no ano passado para evitar a inação do Legislativo ante o crescente deficit e chamado de "sequestro" por funcionar como uma espécie de confisco.
Pode, porém, inibir o crescimento da economia dos EUA em até 0,6 ponto percentual, calcula o Escritório de Orçamento do Congresso.
A instituição, apartidária prevê que o "sequestro", somado à alta de encargos trabalhistas resultante da expiração de estímulos fiscais, leve o PIB dos EUA a subir só 1,4% no ano -poderiam ser até 2,9% sem as medidas.
O impacto também frearia a expansão no mercado de trabalho, que hoje apresenta desemprego de 7,9%, "cortando ou evitando a criação de até 750 mil vagas ao longo do ano", indica o estudo.
Segundo o escritório, entretanto, os cortes devem ficar aquém da expectativa inicial -US$ 42 bilhões neste ano, o que seria suficiente para reduzir o deficit federal de 7% para 5,3% do PIB.
Esse valor é metade dos US$ 85 bilhões permitidos pela lei, com vistas à redução de US$ 1,2 trilhão no Orçamento federal em dez anos (cerca de 8% do PIB anual dos EUA).
Isso porque a mesma lei permite a chefes de agências e autarquias federais decidir onde cortar. Muitos devem fazê-lo em gastos que, antes da crise, já estavam congelados para 2013 ou, por ser de longo prazo, não aparecerão ainda no balanço deste ano.
Por isso, o gatilho é minimizado pelo mercado americano (a Bolsa de Nova York fechou ontem com recuo de só 0,15%), que avalia o efeito como diluído. Mas a preocupação política permanece.
O Senado rejeitou mais duas propostas de pacote fiscal, expondo outra vez a falta de consenso entre os partidos.
Também ontem, o governo reviu para cima o PIB do quarto trimestre de 2012, apontando avanço de 0,1%. (LUCIANA COELHO)