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Ônibus só para palestinos são incendiados

Polícia ainda não apontou suspeitos pelo ataque; linha entre Cisjordânia e Tel Aviv é acusada de segregacionismo

Israel argumenta que serviço, criado após reclamações de colonos judeus, é alternativa ao transporte pirata

DIOGO BERCITO DE JERUSALÉM

Um serviço de ônibus destinado a trabalhadores palestinos, alvo de ataques verbais desde seu anúncio, foi foco de um incidente ainda sem suspeitos anteontem à noite.

Dois veículos foram incendiados próximos ao vilarejo árabe de Kfar Qasim, no norte do país, de acordo com as autoridades israelenses.

À Folha, a polícia confirmou o incidente e disse já ter aberto investigação. Tanto a autoria quanto o motivo não são conhecidos, e ainda não há suspeitos ou detidos.

Ataques pareciam ser esperados para a estreia do serviço. Uma unidade especial de patrulha havia sido designada para proteger os veículos, com a supervisão de autoridades da polícia.

A criação de linhas específicas para árabes é impopular entre ativistas de direitos humanos, que criticam o caráter segregacionista desse transporte e dizem que é uma escalada na separação entre israelenses e árabes.

Hoje, para trabalhar em Israel, palestinos precisam de autorização específica e enfrentam longas filas nos vários postos de checagem.

"Parte dos árabes está satisfeita com isso. A maioria, não", diz Fathia Akfa, do grupo de direitos humanos Machsom Watch, que monitora os pontos de checagem de segurança na Cisjordânia.

"Devido aos 'checkpoints' e ao trajeto, muitos deles chegam atrasados no trabalho, e há muito estresse."

O serviço entre a Cisjordânia e a região central de Israel foi criado depois de reclamações de colonos judeus, que afirmavam haver risco à segurança se árabes pudessem usar o mesmo transporte que os judeus.

Palestinos morando na Cisjordânia, por exemplo em Qalqiliya, costumam usar o serviço de vans clandestinas para fazer o trajeto entre suas casas e o trabalho em cidades como Tel Aviv -uma linha de ônibus exclusiva começou a operar entre as duas cidades desde segunda, partindo do "checkpoint" de Elyal.

Em alguns casos, os trabalhadores usam os mesmos ônibus que os colonos, o que é garantido a eles pelo governo. Mas eles foram alertados via panfletos, recentemente, de que teriam de tomar veículos específicos para fazer alguns dos trajetos.

As linhas criadas pelo Ministério do Transporte de Israel foram justificadas pelo governo devido à necessidade de um serviço confiável e barato. Substituindo os piratas pelo ônibus segregado, trabalhadores palestinos podem economizar 250 shekels por mês (R$ 130), segundo apurou o jornal "Haaretz".


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