Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

New York Times

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Futuro do Mali ainda causa nervosismo

Nações estrangeiras estão ávidas para evitar novo caos

Por ADAM NOSSITER

DACAR, Senegal - O nervosismo, mais do que o altruísmo, pode estar por trás da ajuda internacional de US$ 4,2 bilhões prometida em maio para ajudar o Mali em várias frentes, incluindo estradas, energia e desenvolvimento empresarial. O objetivo é reconstruir uma nação que alarmou governos do mundo todo no ano passado ao praticamente desmoronar e cair nas mãos de militantes islâmicos.

Em breve, a ONU planeja mobilizar 12,6 mil soldados para uma força de paz que impeça o retorno dos militantes. O país terá eleições em julho.

Mas céticos questionam se o dinheiro e a atenção serão suficientes num país com um Exército em frangalhos -acusado de sérias e até agora impunes violações aos direitos humanos- e com uma classe política desacreditada.

"Todos entendem que o futuro da sub-região e além depende da estabilização e do desenvolvimento do Mali", disse o chanceler francês, Laurent Fabius, em uma conferência internacional em 15 de maio em Bruxelas.

A junta militar que assumiu o poder no ano passado -acelerando o colapso do país- paira ao fundo, com estreitas ligações com os principais candidatos presidenciais e um influente aliado, o ministro da Defesa, Yamoussa Camara, no gabinete do chamado governo transitório.

Os militantes islâmicos que durante mais de nove meses controlaram o norte do país foram praticamente erradicados depois da rápida campanha militar franco-chadiana de janeiro e fevereiro.

Centenas deles foram mortos e muitos se reagruparam no desgovernado sul da Líbia, segundo autoridades regionais. No entanto, rebeldes nômades separatistas continuam no controle do extremo norte do país.

O Mali, que teve pouca participação na derrota dos militantes, continua vulnerável, incapaz de se defender ou de se reconstruir sozinho, segundo autoridades ocidentais. Os militantes fugiram das principais cidades do norte malinês -Gao e Timbuktu-, mas alguns deles permanecem em aldeias.

Governos estrangeiros estão ávidos para evitar uma repetição do caos de 2012. Dois grandes esforços multinacionais em andamento, liderados pela França e pastoreados pela ONU e União Europeia, vão na prática fazer dessa miserável nação da África Ocidental um protetorado da comunidade internacional.

Quase 500 mil pessoas fugiram do norte do Mali, dezenas de milhares estão em campos de refugiados, a maioria das escolas e hospitais da região continua fechada e bem mais de 1 milhão de malineses está sob risco de fome.

Apoiadores externos insistem para que o Mali substitua o atual governo, nascido de um golpe, por um que seja democraticamente eleito. "Muito disso está nas mãos dos malineses, para ver essa transição política acontecer", disse o diretor interino da missão da ONU no Mali, David Gressly.

No seu plano de reconstrução, o próprio Mali chamou a atenção para "a má gestão e a corrupção que campeiam em todas as áreas da vida nacional", junto com a "extrema fraqueza do Exército".

Instrutores militares da União Europeia estão no país tentando reformar o Exército.

O núcleo da futura força da ONU deverá ser composto pelos 6.000 militares africanos já mobilizados, embora um funcionário americano os tenha descrito como "completamente incapazes". Eles terão o apoio de mil soldados franceses que permanecem no país, com autorização para intervir quando a força de paz estiver sob "ameaça iminente e séria".


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página