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New York Times

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Crise econômica prejudica museu grego

Por SUZANNE DALEY

ATENAS - Aos 76 anos, Angelos Delivorrias poderia estar reduzindo o ritmo e aproveitando para saborear seus feitos.

Quando assumiu a direção do Museu Benaki, há 40 anos, o espaço para exposições ocupava apenas metade da mansão neoclássica da família Benaki. Os objetos estavam entulhados em gabinetes de carvalho e vidro -cerca de 37 mil itens islâmicos e bizantinos, agrupados segundo sua função.

Desde então, ele comandou uma constante modernização e expansão, transformando o Benaki -e agora seus seis anexos- em uma das principais instituições culturais da Grécia. Sob sua tutela, o Benaki adquiriu outros 60 mil objetos, livros e documentos por meio de compras e doações. Edifícios foram reformados e exposições foram reorganizadas.

A coleção permanente do Benaki hoje inclui uma vasta gama de arte grega, que traça o desenvolvimento do helenismo desde a Antiguidade, passando pela era bizantina, a queda de Constantinopla, a ocupação otomana e a formação do Estado grego moderno. Mas há também uma coleção de brinquedos antigos, um deslumbrante acervo de trajes regionais gregos, um anexo dedicado à arte islâmica e um novo edifício para exposições temporárias, eventos culturais e oficinas.

Agora, com a crise financeira grega, Delivorrias luta para manter o museu intacto e se pergunta se não foi excessivamente ambicioso ao longo dos anos. Ele voltou a fumar, para desgosto da sua mulher, casada com ele há 50 anos.

O museu reduziu seu quadro de funcionários de 267, em 2010, para os atuais 191. Quem permaneceu teve o salário reduzido em 20% e depois, para poupar mais, a jornada de trabalho foi diminuída em mais 20%.

Em anos melhores, o museu podia contar com o governo grego para a maior parte dos seus gastos operacionais. Mas, com a crise, os cortes foram abruptos e profundos. O governo contribuiu com cerca de US$ 2,6 milhões em 2009. Neste ano, mal passou de US$ 900 mil.

O Benaki fez um apelo por fundos, reduziu seu horário de funcionamento e adotou medidas para faturar mais com novas exposições e mais visitas guiadas. Dias atrás, diz Delivorrias, houve uma pequena boa notícia: ele arranjou um doador para bancar a luxuosa publicação anual do Benaki.

O museu foi entregue ao Estado em 1931 por Antonis Benakis, um rico mercador de algodão oriundo de Alexandria que havia passado a vida acumulando seu acervo. Mas o espaço estava entulhado e os objetos ficavam amontoados. Mudanças eram necessárias.

Delivorrias se viu numa batalha contra a estrutura interna. "Quando assumi, era uma organização fechada", diz ele. "Mas sou teimoso. Ainda tenho medo da entropia. Uma organização que não evolui está condenada a morrer."

Ele repassa suas decisões de separar as várias coleções em anexos, de organizá-las cronologicamente e de apreciar as contribuições não só dos gregos antigos, mas também dos modernos artistas do país.

Sua maior frustração? O museu certa vez perdeu a disputa para adquirir um ícone do século 13.

"Ah, eu realmente o queria", afirmou ele. O ícone, conta, acabou sendo comprado por um homem que tinha o mesmo nome do santo retratado.

Ainda hoje, Delivorrias balança a cabeça ao lembrar da cena, incrédulo pelo fato de tal tesouro ser adquirido por uma razão dessas.


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