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New York Times

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Itália prende saqueadores de tumbas

Por ELISABETTA POVOLEDO

PERUGIA, Itália - Em termos de furto de antiguidades, foi um trabalho bem malfeito.

Os ladrões não eram "tombaroli" profissionais, como são chamados os saqueadores que, ao longo dos séculos, despojaram incontáveis sepulturas na Itália. Eram pessoas que, segundo as autoridades, toparam há uma década com um tesouro de importantes artefatos etruscos quando faziam escavações para construir uma garagem em um palacete nos arredores do centro da cidade.

Os investigadores dizem que os saqueadores, em vez de avisar as autoridades, dividiram o material e se fizeram de desentendidos durante anos, até tentarem faturar com sua boa sorte.

Mas, há dois anos, policiais que faziam buscas numa casa em Roma encontraram uma foto do que parecia ser um artefato ilícito. Essa investigação os levou a Perugia, e, neste ano, quando os saqueadores pareciam prontos para vender os artefatos, a polícia agiu rapidamente.

"Não queríamos correr o risco de perder a pista deles, pois essas peças provavelmente iriam parar no exterior, já que são difíceis de vender na Itália", disse o major Antonio Coppola, um dos investigadores.

As 21 urnas de mármore travertino delicadamente entalhadas e datadas do período helenístico foram apreendidas pelas autoridades italianas. Conforme uma nova lei nacional, elas agora são propriedade estatal e serão futuramente instaladas no museu arqueológico de Perugia.

Mas os arqueólogos reclamam que continuam perdendo algo precioso: o contexto em que os artefatos foram encontrados.

Ao encobrir suas pegadas, os saqueadores na prática apagaram todo tipo de informação -o tamanho da tumba, o número de câmaras e como as várias urnas e outros artefatos estavam dispostos- que os acadêmicos vasculham para tentar reconstruir civilizações antigas.

"Ainda não sabemos onde ficava a tumba -acreditamos que tenham construído em cima dela", disse Luana Cenciaioli, funcionária do órgão local de patrimônio cultural, que iniciou uma escavação exploratória na área onde supostamente ficava a tumba.

O solo italiano, rico em artefatos, está constantemente fornecendo indícios sobre civilizações antigas quando alicerces de imóveis são instalados ou quando novas estradas e redes de esgoto são construídas. As autoridades, há muito tempo, lutam para combater o tráfico desses artefatos.

O reforço das investigações e processos judiciais de grande repercussão nos tribunais italianos afetaram o mercado dos artefatos saqueados, e museus do mundo todo adotaram regras mais rigorosas para a obtenção de antiguidades.

As urnas confiscadas neste ano foram identificadas como sendo pertencentes à família Cacni, um rico clã local, e datadas dos séculos 3° e 2° a.C..

Ninguém foi preso nem indiciado em relação a esse caso, mas a polícia identificou cinco suspeitos, que podem ser condenados a até dez anos de prisão.

Cenciaioli disse que a qualidade das urnas fez com que a recuperação pela polícia fosse um momento especial. "Elas estão entre as melhores já encontradas", afirmou.

Se os descobridores tivessem notificado as autoridades ao toparem com a tumba, eles poderiam ter se beneficiado de uma comissão -de 25% sobre o valor de mercado do objeto para a pessoa que o encontrou e de 25% para a pessoa em cuja propriedade o objeto estava.

Cenciaioli estimou que o preço médio de uma urna no mercado esteja em torno de € 40 mil (cerca de US$ 52 mil), o que significa que a comissão do descobridor ficaria em € 10 mil (cerca de US$ 13 mil) por cada urna.

"É uma quantia bem bacana", disse ela.


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