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New York Times

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Clube de jazz cria arquivo on-line

Projeto combina streaming de graça e assinatura paga

Por NATE CHINEN

O clube de jazz Smalls, no Greenwich Village, em Nova York, estava lotado em uma noite recente para a primeira apresentação do Alex Sipiagin Group. Sipiagin, um trompetista extremamente preciso, comemorava o lançamento de seu novo álbum post-bop, "Live at Smalls", pelo selo SmallsLIVE, para um público que ocupava os bancos e as banquetas do bar do clube ou estava de pé no fundo da sala.

Também havia os que assistiam à apresentação em uma tela, a centenas ou milhares de quilômetros de distância.

Evan Cobb, saxofonista de 32 anos, assistia a uma transmissão ao vivo em seu computador em Nashville, no Tennessee. Richard Dobbs, 55, saxofonista amador, fazia o mesmo em Cambridge, em Massachusetts. "É um dos melhores conjuntos que já ouvi", disse Dobbs mais tarde, comparando a apresentação de Sipiagin com muitas outras que ele assistiu no portal do clube na web, geralmente sem custo.

Várias semanas atrás, o Smalls, que abriu em 1994 e logo se tornou um laboratório e um clube essencial para o cenário do jazz nova-iorquino, anunciou a iniciativa de monetizar seus arquivos de vídeo e áudio, criando um banco de dados de assinaturas on-line com um sistema de divisão de receitas entre os músicos.

Esse modelo, que será apoiado por um levantamento de fundos de US$ 60 mil, poderá servir de piloto para outros clubes de jazz. Mas, como um arquivo permanente tem implicações diferentes de uma transmissão direta, a questão despertou preocupações entre alguns músicos.

Todo mundo parece concordar, porém, que em um momento de aceleração dos metabolismos da mídia e de diminuição das vendas de discos, uma nova realidade é inevitável.

Se podemos dizer que o Smalls tem uma estratégia digital, seu arquiteto é Spike Wilner, que administra o clube desde 2007.

"Quando começamos a fazer streaming, seis anos atrás, era diferente", disse. "Não conseguíamos transmitir um sinal realmente limpo. Hoje é como se você tivesse um estúdio de televisão em seu clube."

Em seu computador, ele acompanhava o webcast, que tinha espectadores na África do Sul, na Rússia e no Brasil.

O live streaming (transmissão ao vivo) virou uma ferramenta de comunicação à distância. O festival Jazz at Lincoln Center, em Nova York, fez dos webcasts uma prioridade desde que Greg Scholl tornou-se seu diretor-executivo, há cerca de um ano. "Existe um mercado global muito grande de jazz, mas ele é extremamente difuso", disse ele.

O que impede uma organização de abrir seus arquivos é geralmente a preocupação com licenciamento e publicação. Wilner inventou um modelo de assinatura depois de ouvir músicos que temiam ceder o controle de suas composições sem receber um pagamento justo.

"Houve uma revolta há cerca de um ano e meio", disse o saxofonista Jon Gordon. "Mas os rapazes tinham medo de falar nisso, porque queriam continuar trabalhando no clube."

Gordon ajudou a organizar um diálogo aberto: "Eu fiz parte de um grupo de pessoas que procurou Spike e disse: 'Olhe, você precisa entender que está criando um precedente difícil. Se fizermos isso para você, outros clubes também vão querer. Você tem a responsabilidade de criar o paradigma para continuar'."

Segundo a proposta, o Smalls continuará a fornecer webcasts gratuitos e a lançar discos. Os arquivos, porém, serão acessíveis para os que pagarem uma taxa mensal ainda não definida.

O que há de novo no plano de Wilner é seu sistema proporcional de compensação. "No final de todo trimestre, vamos somar os minutos de audiência de cada músico", disse ele, e o pagamento será na base de uma porcentagem da audiência total.

O banco de dados de assinaturas pode ser uma boia de salvação para o clube.

"Nossas despesas estão furando o teto", disse Wilner.

"Temos um bom negócio, mas uma renda limitada: 60 lugares, US$ 20 por ingresso, três bandas, barman, gerente. Então, se eu puder gerar um fluxo de renda de um público mundial que, digamos, pague nosso aluguel todo mês, de repente ficaremos tranquilos. Poderemos pagar mais aos músicos."

A divisão da renda das assinaturas certamente será verificada, mas o que é mais evidente nesta etapa é o aspecto pioneiro do empreendimento de Wilner, um espírito que parece fiel ao caráter do Smalls.

Quanto aos dois saxofonistas que assistiram ao webcast, Dobbs afirmou que pretende ser assinante, enquanto Cobb disse que ficará na transmissão ao vivo. "Estou mais interessado em apenas acompanhar o que acontece no ato", disse. "Quanto aos dólares e centavos para os músicos, tenho certeza de que todos sabem que será uma ninharia."


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