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New York Times

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México estuda flexibilizar leis sobre o petróleo

Mudanças abrem mercado de energia a cias. Estrangeiras

Por CLIFFORD KRAUSS

HOUSTON - A reforma das leis sobre o petróleo no México tem o potencial não apenas de fazer o país voltar aos tempos de auge das perfurações petrolíferas, no início dos anos 1980, quando o México era um dos produtores mais promissores do mundo, como de reduzir a dependência dos Estados Unidos em relação aos produtores da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), segundo especialistas.

A reforma proposta em 13 de agosto pelo presidente Enrique Peña Nieto pode reverter mais de 50 anos de controle do Estado sobre a produção petrolífera, permitindo que empresas privadas formem sociedades com a empresa petrolífera nacional, compartilhando os lucros da exploração.

Companhias petrolíferas americanas reagiram com entusiasmo, prevendo que o México abrirá para exploração reservas em águas profundas no golfo do México e em grandes depósitos terrestres de petróleo e de gás de xisto, com termos que serão atraentes para companhias que têm experiência com tecnologias recentes de perfuração. "É um bom começo", declarou Kurt Glaubitz, porta-voz da Chevron.

O México figura em nono lugar entre os maiores produtores mundiais de petróleo, mas sua produção vem caindo. Suas exportações aos EUA caíram de 1,7 milhão de barris por dia em 2006 para pouco mais de 900 mil barris por dia nos últimos meses.

As reservas petrolíferas comprovadas do México diminuíram desde os anos 1980, de quase 60 bilhões de barris para pouco mais de 10 bilhões, à medida que os campos petrolíferos em águas rasas foram se esgotando. A empresa petrolífera nacional, Petróleos Mexicanos, não possui capital e know-how para explorar extensamente as reservas em águas profundas no golfo do México ou as dos campos de xisto, tecnologicamente difíceis, que exigem técnicas modernas como a perfuração horizontal e o fraturamento hidráulico.

A Citi Research, em relatório recente, estimou que o México pode ter reservas de 29 bilhões de barris de óleo e gás no golfo, que podem ser explorados com capital e conhecimentos estrangeiros. O país pode também possuir outros 13 bilhões de barris de reservas de petróleo de xisto. Contabilizando tudo, especialistas dizem que o México pode elevar sua produção em até 25% até 2024, para quase 4 milhões de barris por dia.

No momento, os mercados petrolíferos mundiais estão bem supridos e vários países da Opep temem estar perdendo o mercado norte-americano devido à ampliação da extração de petróleo de xisto nos EUA. O aumento da produção do México, que não é membro da Opep, reduziria o poder de barganha do cartel.

Os EUA seriam o mais provável beneficiário de um novo boom petrolífero mexicano, já que os campos em questão ficam próximos de refinarias no golfo do México que já estão preparadas para processar vários graus de petróleo bruto mexicano.

A proposta do presidente mexicano deve ser aprovada pelo Congresso em 2014. Mas especialistas petrolíferos avisam que pode levar dez anos para a produção começar efetivamente. O México ainda precisa realizar testes sísmicos e promover um leilão entre interessados em explorar suas reservas em águas profundas, e empresas estrangeiras precisam fazer suas próprias perfurações de avaliação. Mas especialistas dizem que a extração no xisto e a intensificação da extração de óleo de poços mais antigos podem começar antes disso.

Jorge R. Piñón, ex-presidente da Amoco Oil Latin America, disse que as petrolíferas estrangeiras vão querer ter certeza de que os contratos de partilha de lucros serão rentáveis antes de investirem no México, já que o país não dará formalmente às empresas uma parcela das reservas de petróleo. "Encaro isso com cautela extrema", disse. "A questão é se vão oferecer uma opção realmente competitiva ou apenas uma meia solução."


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