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New York Times

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Economia emergente entra em queda

Por NATHANIEL POPPER

A dinâmica do crescimento econômico mundial passou a se inclinar para outra direção.

Enquanto os economistas começam a reduzir suas previsões para a China e para outras economias emergentes, a economia americana está se recuperando, o Japão parece ter dobrado a esquina e muitos países na zona do euro talvez estejam escapando das garras da recessão.

"A aceleração tal qual está acontecendo está na economia do Primeiro Mundo, não nos emergentes", disse Neal Soss, economista-chefe do Credit Suisse.

O crescimento dos Bric -Brasil, Rússia, Índia e China- elevou o padrão de vida nesses e em outros países do Sudeste Asiático, da América Latina e do Leste Europeu. Esses quatro países tiveram um impacto global ainda maior porque também ofereceram novos mercados para produtos de nações desenvolvidas.

Por isso, um declínio no seu crescimento deveria ser preocupante para os Estados Unidos. Mas Jim O'Neill, economista do Goldman Sachs que cunhou o termo Bric há mais de uma década, acha que um dos novos beneficiários da mudança na economia global deverá ser justamente os EUA, que ganhariam com a intenção do governo chinês de passar dos grandes projetos com investimentos governamentais para uma economia alimentada pelo consumo. Isso criaria uma demanda por produtos americanos e, ao mesmo tempo, baratearia matérias-primas para as companhias americanas. A elevação dos salários na China também estimularia a indústria nos EUA.

O governo chinês está tentando moderar o crescimento econômico. Ao fazer isso, arca com grande parte da culpa pela desaceleração em outros lugares da Ásia e da América Latina. O preço de commodities como ferro e cobre, que estimulava a produção desses metais nos países em desenvolvimento, agora despenca à medida que líderes chineses restringem os investimentos grandiosos.

O Brasil teve um crescimento em grande parte associado a commodities como soja e minério de ferro. Há dois anos, a economia cresceu 7,6%. Neste ano, no entanto, a previsão é que a cifra ficará em torno de 2,3%.

"Muitos observadores simplesmente supuseram que os Bric continuariam crescendo na mesma taxa da primeira década [do século 21], o que era muito improvável", disse O'Neill.

Ele disse que, à medida que a China se desloca para uma economia mais baseada no consumo, "os ganhadores e perdedores da nova China provavelmente serão bem diferentes dos ganhadores e perdedores da velha China".

Há temores de que mesmo a recuperação pífia nos EUA, no Japão e na Europa possa descarrilar se os problemas chineses se agravarem. Alguns economistas alertam que os líderes do Partido Comunista talvez não sejam capazes de "desmamar" o país suavemente após anos de desenvolvimento alimentado pelo governo.

Os analistas dizem que o atual arrefecimento econômico está levando alguns países emergentes para um ritmo de expansão mais sustentável. Na China, a expansão de 14,2% vista antes do auge, em 2007, dificilmente se repetirá, embora o crescimento esperado para o ano que vem, de 7,5%, continue sendo impressionante.

O Brasil e a Índia têm problemas mais profundos. A Índia não foi afetada pela queda nos preços das commodities, mas a economia sofre com as amarras da corrupção e da ineficiência.

No Brasil, muitos economistas dizem que os líderes deixaram de investir em infraestrutura quando o dinheiro estava entrando.

Silvésio de Oliveira, produtor de soja em Mato Grosso e vice-presidente da Aprosoja, entidade que reúne produtores de soja e milho no Estado, disse que um "colapso da infraestrutura" elevou o custo do frete e causou o cancelamento de encomendas internacionais.

Carlos Langoni, ex-presidente do Banco Central, disse que os problemas do Brasil são semelhantes aos de outras economias em desenvolvimento.

"Os novos países emergentes não são diferentes dos velhos: uma vez que você chega a um determinado nível de renda, torna-se mais difícil crescer."


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