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New York Times

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Diversificação de produtos desafia administração da Microsoft

Empresa busca substituto para seu presidente-executivo

Por NICK WINGFIELD

SEATTLE - Embora muitos acreditem que o número de produtos da Microsoft deveria diminuir, a empresa está a caminho de se tornar muito maior.

A aquisição das operações de celulares e serviços da Nokia pela companhia, por US$ 7,2 bilhões, elevará seu quadro de pessoal em 30% no ano que vem, quando a transação for concluída, e adicionará à sua estonteante variedade de negócios uma grande divisão de hardware em uma nova área -situação incomum em um setor no qual o foco é muitas vezes mais apreciado do que a amplitude.

Isso preocupa muita gente, de acadêmicos a antigos executivos da empresa. Uma lista de oportunidades perdidas e investimentos decepcionantes pela companhia nos dez últimos anos, em áreas como smartphones, tablets e buscas na internet, resultou na crença de que uma coleção de miniMicrosofts, mais concentradas e ágeis, seria capaz de responder de modo mais efetivo ao influxo de novas e perturbadoras tecnologias que estão erodindo a empresa.

"É muito difícil ser um conglomerado de tecnologia de base ampla", diz David Yoffie, professor da escola de administração de empresas da Universidade Harvard.

Há 13 anos, os concorrentes da Microsoft e a Justiça dos EUA queriam que a empresa fosse dividida por conta de seu poder de mercado. Hoje, o problema não é que ela esteja tendo muito poder, mas sim que esteja tentando fazer demais.

A Microsoft já tem uma divisão de consoles de videogame, o segundo mais popular serviço de buscas na internet, um grande portal de web, uma enorme divisão de software para empresas, um sistema operacional para computadores, serviços de computação em nuvem e uma operação de aplicativos. A companhia é uma mistura de negócios nos quais concorrentes como Google, Yahoo!, Oracle, Apple e Nintendo se especializam, o que representa um peso imenso para o presidente-executivo Steven Ballmer, que anunciou planos de se aposentar dentro de 12 meses.

A complexidade da Microsoft torna desafiadora a busca de um substituto para Ballmer. O trabalho requer uma pessoa com gama incomum de capacidades. Ballmer recentemente anunciou uma abrangente reorganização da companhia, com o objetivo de ganhar agilidade, ainda que a ampla carteira de produtos da Microsoft deva permanecer intacta.

Em 2000, quando os negócios da empresa eram mais simples que hoje, um juiz decidiu que, por conta de violações das leis antitruste, a Microsoft deveria ser dividida em duas -uma concentrada no Windows e a outra em aplicativos. Um tribunal de recursos cancelou a ordem, posteriormente.

Muitos observadores acreditam que uma divisão como essa teria oferecido às companhias resultantes mais competitividade.

Diversos dos negócios da Microsoft poderiam servir de base a companhias independentes de porte substancial, com o Windows respondendo por US$ 19,2 bilhões em receita no ano fiscal encerrado em junho, e a divisão empresarial, cujo principal produto é o pacote de software Office, faturando US$ 24,7 bilhões no período. Um terceiro negócio, os servidores e as ferramentas, teve receita de US$ 20,3 bilhões no período.

Vivek Wadhwa, pesquisador na escola de direito da Universidade Stanford, na Califórnia, defende a divisão da Microsoft porque não acredita que operações voltadas a empresas e a consumidores possam coexistir de maneira harmoniosa. "A estratégia para atender às necessidades de cada um desses setores precisa ser completamente diferente", disse. "Se a companhia tenta proteger o mercado empresarial, ela não tem liberdade para agir no mercado de consumo". Embora existam muitos conglomerados de sucesso, como a General Electric, no setor tecnológico o número dos que se saem bem é menor.

Um conglomerado ainda mais amplo é a Samsung, que opera em áreas variadas como a eletrônica, seguros de vida e petroquímicos. Mas cada uma de suas operações é dirigida com grande independência. A companhia fornece telas e semicondutores à Apple mesmo que esta seja sua principal rival no segmento de telefonia móvel.

Os investidores vêm apelando para que a Microsoft se livre de operações deficitárias. Mas a empresa diz que seus produtos propiciam muitas sinergias. O Xbox usa o sistema operacional Windows e o Bing oferece serviços de busca integrados ao Windows, ao Xbox e ao sistema operacional Windows Phone.

Além disso, seria possível argumentar que os concorrentes da Microsoft estão reconhecendo que, como ela, precisam desenvolver produtos em outras áreas.

O Google adquiriu a Motorola Mobility para ajudá-lo a ingressar no mercado de hardware. A Apple está em meio a uma onda de aquisição de empresas iniciantes para melhorar seu serviço de mapeamento on-line. Já a Amazon, que no passado atendia apenas aos consumidores, tornou-se importante fornecedora de serviços em nuvem a empresas.

Yoffie diz que os grandes rivais da Microsoft ainda têm um foco mais concentrado que o dela."A questão para o próximo presidente da Microsoft será determinar qual é sua visão para a empresa."


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