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Desgaste ameaça Fashion Week
Multidões e correria irritam estilistas e provocam críticas
Por ERIC WILSON
A Fashion Week existe há 70 anos, mas, mesmo antes disso, o povo da moda já se queixava dela. Em 1941, quando o Sindicato Internacional dos Trabalhadores do Vestuário Feminino convidou pela primeira vez 30 jornalistas para ir a Nova York visitar showrooms de estilistas, seus integrantes chiaram. Eles não entendiam como escrever sobre as roupas ajudaria a vendê-las.
Dois anos depois, quando Eleanor Lambert, grande entusiasta da moda americana no século 20, criou a primeira "semana da imprensa" no Waldorf-Astoria, os jornalistas também resmungaram, embora seu número tenha crescido.
A Fashion Week pode parecer a festa mais fabulosa do planeta, mas pessoas ligadas ao setor começam a ficar um pouco cansadas de tanta agitação. Na sua forma atual, ela está mais para Fashion Month, começando em 5 de setembro, com um número excessivo de coleções de primavera na programação, e terminando com os desfiles de Paris, em 3 de outubro, sem intervalo para milhares de redatores, varejistas, fotógrafos, cinegrafistas, blogueiros e hordas indeterminadas.
Os estilistas também parecem estar apavorados com esta temporada, mais do que o habitual. "É deprimente", disse Joseph Altuzarra. "Bom, nem tão deprimente quanto assustador."
Há uma curiosa sensação de que, à medida que a moda se torna uma força vibrante na cultura popular, atraindo uma nova geração de estilistas (e aspirantes a), a Fashion Week está perdendo sua relevância. No entanto, há anos as pessoas se queixam de que há desfiles demais.
Mas o objetivo da Fashion Week, que é promover coleções para editores e lojistas meses antes de elas chegarem às lojas, está se perdendo na época da acessibilidade on-line instantânea.
Além disso, há os desfiles que acontecem fora das tendas, para os fotógrafos, e as clientes confusas. Tudo isso levou Suzy Menkes a questionar em uma coluna em agosto na "T: The Times Style Magazine": "Quem precisa de mais moda e quem está engasgando por causa de mais um desfile?".
Na verdade, os principais eventos de Nova York, Londres, Milão e Paris estão sofrendo críticas de todos os lados. Editores e comerciantes judeus estão chateados com a sobreposição dos desfiles de Nova York com as grandes festas do judaísmo. Os moradores do entorno do Lincoln Center estão furiosos com a intrusão de desfiles barulhentos e de geradores poluentes.
Estilistas italianos ficaram irritados com o monopólio da criatividade pelos estilistas londrinos, e os estilistas americanos ficaram irritados com o fato de os estilistas italianos não abrirem mão das datas dos seus desfiles, obrigando todo mundo a trabalhar no Dia do Trabalho americano e nos feriados judaicos.
"A Fashion Week precisa ser repensada", disse, entre outros, Fern Mallis, que transformou os desfiles num evento enormemente bem-sucedido de mídia e marketing.
Em 1993, como diretora-executiva do Conselho dos Estilistas de Moda dos EUA, ela orquestrou a transferência da Semana de Moda para o parque Bryant, onde durante 15 anos os desfiles aconteceram semestralmente sob enormes tendas brancas, deixando os estilistas de Nova York em pé de igualdade com seus colegas da Europa. A mudança para o Lincoln Center, em 2010, foi saudada na época por trazer para a moda o brilho das apresentações artísticas.
Mas poucos discordam de que a mudança foi um fracasso.
Há sinais nesta temporada de que muitos estilistas estão reagindo à badalação adotando desfiles mais "intimistas", como é o caso de Altuzarra, Reed Krakoff e Oscar de la Renta.
Uma das coleções mais aguardadas neste ano foi a de Tamara Mellon, ex-estilista de Jimmy Choo que está trilhando um caminho próprio -e evitando os desfiles. Mellon chamou muito a atenção ao declarar que lançaria coleções menores ao longo do ano e que as entregaria às lojas na própria temporada para a qual foram concebidas.
"Eu, por exemplo, detesto comprar um casaco e demorar quatro ou cinco meses para usá-lo", disse Mellon.
"Minhas clientes não ligam para a Fashion Week."