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New York Times

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Mercado capitaliza catástrofes

Por ALAN FEUER

TULSA, Oklahoma - Desastres acontecem. É um fato tão garantido quanto o imposto de renda. E, quando uma chama solar irromper ou uma epidemia de gripe se instalar, só uma pergunta importará: "Você está preparado? Ou não?".

Poderíamos ter encontrado uma resposta -na verdade, muitas- aqui, na terceira Exposição Nacional de Sobrevivencialistas e Preparativistas, feira setorial que atende aos que têm uma inclinação apocalíptica. A exposição anual, que durou dois dias, foi uma oportunidade para vendedores de soluções para calamidades alcançarem sua clientela.

"Tentamos preparar o evento neste ano para a pessoa comum que quer estar preparada para qualquer situação", disse Ray McCreary, que organizou a conferência para a companhia de feiras Expo Inc.

Desde o profeta Isaías, alguém em algum lugar está falando sobre o fim iminente da sociedade civilizada. Mas poderíamos argumentar que o mundo conectado atual, com cadeias de abastecimento globalizadas e bancos multinacionais, é especialmente suscetível a uma falha catastrófica. No mês passado, um estudo financiado pela Nasa (Administração Nacional de Aeronáutica e Espaço) descobriu que, por causa da desigualdade financeira e dos problemas ambientais, o mundo industrial poderá sofrer um "colapso repentino" dentro de décadas.

Alvin Jackson, músico de jazz de Nova Orleans, 66, quer estar pronto. Ele estava na exposição verificando o Ark 290: um suprimento para um mês de comida desidratada a frio.

"As pessoas pensam que os preparativistas -e uso esse termo com cautela- são caras barbudos que vivem em casamatas e enterram munição no quintal", disse Jackson, que veio para a conferência com sua mulher, Marlane. "Mas eu passei pelo Katrina e não estou louco. Sei por experiência própria que essas coisas acontecem de repente."

Apesar da cautela de Jackson, inspirada pelo furacão, seria fácil supor que uma convenção de "preparativistas" seria povoada por fanáticos de direita que adoram armas e ouro, ou o que os "sobrevivencialistas" gostam de chamar de "turma da bala e do ouro".

Embora houvesse um homem em uma cabine distribuindo cartões para a Operação Primavera Americana, movimento que prega o impeachment do presidente Obama, também havia um elemento contraposto de horticultores orgânicos, terapeutas homeopáticos e livros sobre os usos comerciais do cânhamo (ou maconha).

A exposição parecia ser menos sobre política do que sobre economia do consumidor e era, no mínimo, um exercício de capitalismo dos tempos modernos.

Aparentemente, havia maneiras infindáveis de mercantilizar a catástrofe. Havia canivetes táticos (US$ 135), sacos para mortos em massa (US$ 250), geradores movidos a energia solar (US$ 4.299), desfibriladores automáticos (US$ 695), filtros de água movidos a gravidade (US$ 150) e carne-seca de jacaré embalada a vácuo (US$ 15).

Amy Alton, fundadora da companhia de remédios de sobrevivência Doom and Bloom, sente que disseminar o medo é menos eficaz para convencer as pessoas a se prepararem do que formar uma comunidade. No entender de Amy Alton, viver em uma comunidade muito unida, onde você conhece seus vizinhos e confia neles, é a maneira mais segura de sobreviver a um desastre.

Alton, que foi enfermeira do Exército, fornece kits médicos como o saco de sobrevivência a traumas Supreme Stomp (US$ 649) e é autora, com seu marido, Joseph Alton, de "The Survival Medicine Handbook" [O manual de medicina da sobrevivência]. Seu último projeto é um jogo de tabuleiro para apresentar o assunto e preparar as crianças para sobreviver.


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