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New York Times

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CIA mantém política de contraterrorismo

Por MARK MAZZETTI

WASHINGTON - Os mortíferos drones (veículos aéreos não tripulados) do Pentágono não voam mais nos céus do Iêmen, mas a guerra dos drones da Agência Central de Inteligência (CIA) continua.

Na sabatina antes de sua posse há mais de um ano, John O. Brennan, o diretor da CIA, disse que estava na hora de a agência reassumir papéis mais tradicionais ligados à espionagem, coleta de dados sensíveis e análise, pois em grande parte ela se tornara uma organização paramilitar. Em um discurso em maio de 2013, o presidente Obama aprofundou esse tema, anunciando novos procedimentos para operações com drones, as quais, segundo funcionários da Casa Branca, gradualmente ficariam a cargo do Pentágono.

"Alguns podem querer excluir a CIA da eliminação de terroristas, mas isso não acontecerá tão cedo", disse Michael A. Sheehan, que até o ano passado era o responsável por operações especiais no Pentágono.

Alguns fatores -incluindo controvérsias burocráticas, pressão do Congresso e demandas de governos estrangeiros- contribuem para esse atraso.

A divulgação de um relatório bombástico do Comitê de Inteligência do Senado sobre o programa de detenções e interrogatórios da CIA colocará novamente em evidência um período da história da CIA que Brennan repudiou publicamente. O Departamento de Justiça está analisando uma acusação de que a agência infringiu a lei ao monitorar computadores de membros do comitê que trabalhavam no relatório.

Antes de tomar posse na CIA, em março de 2013, Brennan foi por quatro anos o principal conselheiro de contraterrorismo de Obama, sendo responsável pelas operações de assassinato de alvos específicos que se tornaram emblemáticas do governo Obama.

Isso também fez Brennan -que havia passado 25 anos na CIA- ter enorme influência sobre um presidente inexperiente em questões de inteligência. Autoridades americanas disseram que, nesse papel, Brennan advertiu Obama constantemente de que a missão de contraterrorismo da CIA poderia prejudicar outras atividades da agência.

Em audiências para confirmá-lo no cargo, Brennan criticou veladamente o mau desempenho das agências de espionagem americanas na obtenção de informações secretas e análises sobre as revoluções árabes que tiveram início em 2009. "A CIA não deveria estar realizando atividades e operações militares tradicionais", disse ele.

Agora, porém, Brennan comanda um aparato de contraterrorismo cujos orçamento, número de funcionários e influência não param de aumentar há mais de uma década.

Embora autoridades tenham afirmado que Brennan solicitou mais recursos para enfrentar adversários tradicionais, como a Rússia e a China, e ameaças mais recentes, como a guerra cibernética, o Centro de Contraterrorismo da CIA (CTC na sigla em inglês) continua sendo uma potência dentro da agência e do Capitólio.

"Acho que a maior parte da CIA está por trás das mudanças, mas a comunidade do CTC cresceu de maneira impressionante desde o 11 de Setembro e está lutando para manter seu poder", disse Sheehan. "De certa forma, eles tiveram êxito nisso, sobretudo nos programas com drones."

Legisladores influentes dos Partidos Republicano e Democrata têm se empenhado para evitar a mudança proposta nas operações com drones junto ao Pentágono.Ataques desastrados no Iêmen fizeram o governo local proibir temporariamente ataques com drones feitos pelos militares. Autoridades disseram que a proibição se deu após um ataque em dezembro que matou civis em um cortejo de casamento. Enquanto isso, a CIA continua deflagrando sua própria guerra de drones no Iêmen.

No Paquistão, onde a CIA também está encarregada do programa de drones, o ritmo dos ataques diminuiu radicalmente. Mas autoridades americanas afirmaram que o programa de drones por lá poderá continuar por anos, e o governo paquistanês insiste há muito tempo que ele deve ser comandado pela CIA, não por militares.

Uma porta-voz da Casa Branca disse que "não houve alterações no plano" desde o discurso do presidente Obama em maio do ano passado. "O plano é efetuar a transição para esses padrões e procedimentos em longo prazo e de maneira cautelosa, coordenada e bem estudada", disse Caitlin Hayden, a porta-voz. "Não vou especular quanto tempo será necessário para a transição, mas vamos garantir que ela seja feita da maneira certa e sem precipitação."

Durante as revoltas no mundo árabe, anos atrás, havia temores de que os anos de enfoque na caça a terroristas minassem a capacidade da CIA de prever e analisar acontecimentos globais. Respondendo a uma pergunta durante a sabatina anterior a sua posse, Brennan disse que "diante dos bilhões de dólares investidos na CIA na década passada, os formuladores de políticas deveriam ter altas expectativas quanto à capacidade da CIA de prever eventos geopolíticos importantes". "Os acontecimentos recentes no mundo árabe, porém, indicam que a CIA tem de melhorar seu desempenho."

Mesmo que a CIA venha a desistir da função de lançar bombas em regiões remotas do planeta, Brennan insiste que sua missão de contraterrorismo será mantida. "Apesar dos fortes rumores de que a CIA está saindo do ramo do contraterrorismo, nada poderia estar mais distante da verdade", disse ele durante um discurso, no mês passado, no Conselho de Relações Exteriores.

As operações secretas, autoridades e relações com serviços de espionagem estrangeiros, disse Brennan, "manterão a CIA nas linhas de frente de nossos esforços de contraterrorismo por mais muitos anos".


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