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Invenção pena para vir a público

Cientista enfrenta obstáculos ao uso da folha artificial

Por JACK HITT

A General Electric anda promovendo uma coleção de vídeos em tom positivo. Cada um dos filmes apresenta uma ideia inovadora, como a de Daniel Nocera. Este químico de Harvard criou a folha artificial, uma invenção que gera energia do mesmo modo como faz uma árvore. A luz bate num recipiente de água e produz hidrogênio, uma fonte de energia.

No curta-metragem sobre sua ideia, Nocera diz que um dia sua invenção estará na casa das pessoas, criando energia.

Ele pede: "Feche os olhos e imagine que sua casa é sua própria usina elétrica."

Esse otimismo em relação à folha artificial também foi visto um ano atrás em um artigo publicado pelo "Los Angeles Times". E, no ano anterior, na "New Yorker". Ou, recuando ainda mais um ano, no "New York Times", onde Nocera falou: "Nosso objetivo é converter cada casa em sua própria usina elétrica."

Então onde estão as usinas?

A ideia de Nocera é baseada na fotossíntese. Quando a luz bombardeia uma folha, ela divide a água presente na folha em oxigênio e então une o hidrogênio ao dióxido de carbono para produzir carboidratos, seu alimento. A folha de Nocera imita esse processo. Um recipiente de água é exposto à luz. Uma faixa de silicone revestida de catalisadores fragmenta a molécula de água em oxigênio, de um lado, e do outro, hidrogênio, que pode ser usado como combustível.

A folha e sua tecnologia já foram reproduzidas muitas vezes; logo, obstáculos tecnológicos não são o problema. Na realidade, o problema não está na invenção, mas em como usá-la. "Se eu lhe desse um tanque de hidrogênio obtido da folha artificial, você não poderia usá-lo neste momento", explicou o inventor.

Para isso é preciso uma célula de combustível, que pode converter o hidrogênio em eletricidade. Existem esforços para começar a incorporar uma tecnologia energética desse tipo a nosso cotidiano. É o caso do desenvolvimento de carros movidos a hidrogênio.

"Se houvesse células de combustível no carro e na casa das pessoas, todo o mundo estaria tentando implementar a folha artificial agora mesmo", disse Nocera. O outro obstáculo é o mercado.

Alguns anos atrás, Nocera foi convidado a produzir energia equivalente a um galão (3,78 litros) de gasolina e manter o custo em cerca de US$ 3. Quando ele estava chegando perto disso, o setor dos combustíveis fósseis atrapalhou seus planos, promovendo um aumento enorme da extração barata de gás natural por meio do fraturamento hidráulico, ou "fracking".

Mas há um vislumbre de esperança. O fracking pode produzir hidrogênio, mas gera poluição por carbono. Mesmo assim, a generalização do fracking pode levar à generalização do uso de hidrogênio. "O fracking pode levar à construção de uma infraestrutura que possibilite o uso doméstico de hidrogênio", disse Nocera. "Então o passo seguinte seria que as pessoas dissessem 'ótimo, mas esse hidrogênio está gerando CO2'. Nessa hora, a folha artificial entraria em cena."

E ele não resistiu, dizendo: "Sua casa será sua própria usina elétrica movida a gás".


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