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New York Times

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Investidor aposta em mercados emergentes

Por LANDON THOMAS JR.

Justin Leverenz, que comanda um dos maiores fundos de investimento em mercados emergentes dos EUA, na Oppenheimer Funds, encerrou um longo dia de trabalho com um cálice de vinho tinto turco. A tarefa mais difícil do dia ainda o aguardava: convencer um pequeno grupo de pessoas fortemente laicas da elite de Istambul de que o país prosperará sob o comando do primeiro-ministro islâmico Recep Tayyip Erdogan, uma figura polarizadora.

"Meus amigos turcos ricos não concordam comigo quanto a isso", diz, "Mas eu realmente acredito que Erdogan e seu partido, o AKP, vão vencer eleição após eleição".

Leverenz, que planeja elevar a participação de seu fundo de US$ 41 bilhões na Turquia, está otimista. Depois de um breve pânico alguns meses atrás, administradores de fundos estão reconduzindo investimentos a mercados ditos imprevisíveis, atraídos por ações baratas e medidas tomadas por autoridades econômicas e líderes de mercado locais. Mas poucos estão comprometendo capital significativo na Turquia, enervados pelas tendências autocráticas de Erdogan e a dependência da economia em fluxos voláteis de investimento.

Leverenz, porém, acredita que seus maiores sucessos em investimentos -de ações de internet na Rússia e na China a companhias de financiamento de habitação na Índia- surgiram de sua capacidade de ignorar a sabedoria passageira do mercado. Por isso ele está comprando ações turcas, convicto de que as ambições reformistas de Erdogan transformarão o país.

Isso é parte de uma convicção mais ampla de que nações como China, Brasil, Rússia e Índia estão experimentando mudanças econômicas e sociais que não serão revertidas. "Será dinâmico, até caótico, mas os países desenvolvidos precisam ficar espertos."

Esse otimismo vem sendo a peça central de um boom que já dura uma década nos mercados emergentes. Os ativos dos fundos de mercados emergentes nos EUA explodiram de US$ 89 bilhões em 2008 a US$ 388 bilhões, de acordo com a Thomson Reuters.

Um desses fundos em disparada é o fundo de mercados em desenvolvimento de Leverenz.

De 2009 para cá, seus ativos dispararam para US$ 41 bilhões, ante apenas US$ 3,9 bilhões, o que o coloca entre os maiores fundos de ações internacionais administrados de forma ativa. Desde 2010, o fundo de Leverenz mostra alta de 27%, o que o coloca na frente de mais de 90% de seus pares. Neste ano, embora o fundo esteja registrando alta de 2%, dois terços dos rivais estão se saindo melhor.

A explosão nos ativos desses fundos começa a preocupar as autoridades regulatórias. Os investidores em mercados emergentes tendem a comprar -e vender- as mesmas ações nos mesmos países, criando perigosas distorções quando os montantes se tornam grandes demais para os mercados em que estão investindo.

Para demonstrar que acata essas preocupações, a Oppenheimer fechou o fundo de Leverenz a novos investidores. Mesmo assim, o fundo ainda consegue atrair até US$ 600 milhões ao mês em capital novo dos investidores existentes, e ele diz que colocar esse dinheiro para trabalhar continua a ser um de seus maiores desafios.

Leverenz argumenta que seu foco permite que ele encontre o tipo de empresa que procura: geradoras de bom fluxo de caixa, com alguma vantagem especial que faça delas líderes de mercado.No momento, ele está ponderando um investimento na Ulker, a maior companhia de alimentos da Turquia.

Durante os três a quatro dias por mês que ele passa na sede da companhia em Nova York, chega tarde ao escritório e ignora o telefone que não para de tocar.

Essas excentricidades são toleradas quando um fundo responde por cerca de 20% dos ativos totais de uma administradora de fundos mútuos. Seu talento superior na seleção de ações também ajuda.

Dado seu regime de trabalho e viagens -Leverenz passa seis meses por ano na estrada-, e o desafio de repetir o sucesso, seria fácil questionar se Leverenz ainda tem a energia e a vontade necessárias a continuar. Mas ele menciona o mais de US$ 1 milhão de seu dinheiro pessoal que está investido no fundo, as viagens anuais que faz à China com os filhos e os escritores e artistas que descobre e cultiva ao longo do caminho."Tudo está em equilíbrio", disse. "Não quero sair, nunca".


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