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New York Times

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Consumo transforma fronteira de Hong Kong

POR CHRIS HORTON

HONG KONG - Diante de um shopping center na cidade fronteiriça de Sheung Shui, um homem chamado Chen fumava um cigarro ao lado de um carrinho repleto de compras. Ele é da cidade chinesa de Shantou, a 284 quilômetros de distância, e faz essa viagem várias vezes por ano. "Quando eu venho a Hong Kong, é mais para comprar medicamentos e alguns produtos alimentícios", disse Chen, que não quis dar seu nome completo. "Aqui há mais marcas, muitas das quais não estão disponíveis onde eu moro."

O aumento do número de consumidores como Chen está mudando a paisagem perto da fronteira entre a ex-colônia britânica e a China continental. O comércio nessas áreas, chamadas de Novos Territórios, e ao longo da linha ferroviária que as atravessa está cada vez mais direcionado para pessoas do continente que vêm só por um dia e para "negociantes paralelos" de Guangdong, província chinesa, que compram itens para revender a preço mais alto na China sem pagar impostos sobre importação.

Segundo dados da aduana do continente, mais de 20 mil negociantes paralelos cruzam a fronteira diariamente, assim como milhares de indivíduos que fazem compras pessoais. Levando em conta a grave carência habitacional, isso levou a um investimento de mais de US$ 15 bilhões em projetos imobiliários.

Apesar da prosperidade do varejo, o influxo aumenta o preço dos aluguéis de espaços comerciais e obriga estabelecimentos frequentados pela população local a se mudarem ou a fechar as portas. Segundo a mídia local, mais de 6.000 agricultores e aldeões serão desalojados por projetos nos Novos Territórios no nordeste. Paul Chan Mo-po, secretário de Desenvolvimento de Hong Kong, disse que acordos de indenização seriam oferecidos a esse contingente e que moradias subsidiadas foram reservadas para quem perdesse suas casas.

Muitos aldeões e agricultores afetados por esse boom de construções se sentem infelizes por ter de se mudar à força. Lee Siu Wah, membro da quarta geração de uma família residente em Kwu Tung, disse que o novo uso de terras agrícolas é "injusto com os aldeões e insustentável".

Um grande projeto visa construir mais de 60 mil apartamentos para cerca de 175 mil pessoas em 2022 e fundir as cidades de Sheung Shui e Fanling, criando outra de 500 mil habitantes. Calcula-se que o projeto custará US$ 15,5 bilhões.

Lee ajudou a organizar um protesto em maio diante da assembleia legislativa de Hong Kong, no qual mais de cem aldeões e agricultores pediram que o governo proteja as terras agrícolas da região. Grande parte dos cerca de mil hectares de terras cultivadas por lá supre a demanda crescente por produtos locais seguros, motivada por preocupações com a segurança alimentar. "Esses planos são benéficos apenas para as incorporadoras e outros poderosos, não para o cidadão comum de Hong Kong", afirmou Lee.


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