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Análise

Poder de veto mina relevância da ONU

Por SOMINI SENGUPTA

NAÇÕES UNIDAS - Não tem faltado emoção ultimamente na mesa em forma de U do Conselho de Segurança.

A embaixadora dos Estados Unidos, Samantha Power, ficou com a voz embargada ao falar sobre as crianças que morreram no acidente da Malaysia Airlines na Ucrânia. O ministro de Relações Exteriores da Holanda mal podia conter sua raiva ao recordar as fotos de "bandidos" arrancando alianças dos dedos das vítimas. O enviado palestino, Riyad Mansour, precisou parar de falar enquanto enunciava uma longa lista de nomes de crianças mortas na última ofensiva de Israel em Gaza.

Os conflitos na Ucrânia e em Gaza, para não mencionar a guerra na Síria, levaram diplomatas a dar depoimentos emotivos sobre o sofrimento de civis e até mesmo sobre supostos crimes contra a humanidade. Ainda assim, o Conselho, com seus 15 membros, tem sido incapaz de acabar com os conflitos.

O problema não é que as grandes potências não se importem. É que para esses países existe muita coisa em jogo. "Quando há uma crise em que uma grande potência tem um interesse nacional envolvido, eles tentarão bloquear a interferência do Conselho de Segurança", disse Gérard Araud, ex-embaixador da França na ONU. A entidade, disse, só acaba "se responsabilizando por crises que não interessam a ninguém".

As regras da diplomacia permitem que Estados Unidos, Rússia, Reino Unido, China e França vetem qualquer ação do Conselho de Segurança. Desde o fim da Guerra Fria, os Estados Unidos vetaram 14 projetos de resolução, a maioria deles envolvendo o conflito entre israelenses e palestinos; a Rússia vetou 11 relacionados aos seus aliados, como o governo da Síria.

Há muito tempo o direito de veto permite que membros permanentes rejeitem qualquer ameaça aos seus interesses estratégicos, apesar dos elevados princípios da organização, especialmente o mandato para proteger civis quando as próprias autoridades de seus Estados se mostram incapazes disso.

França e Reino Unido apoiam a ideia de limitar o poder de veto em caso de atrocidades em massa, mas a proposta tem sido ignorada pela China, a Rússia e os Estados Unidos.

Nos últimos meses, o conselho tem se mostrado mais eficaz em acalmar os ânimos do que em acabar com conflitos. Após a derrubada do voo 17 da Malaysia Airlines e das acusações de apoio da Rússia aos separatistas, tidos pelo Ocidente como responsáveis pelo desastre, o conselho conseguiu aprovar uma modesta resolução para enviar investigadores internacionais ao local. Da mesma forma, o conselho aprovou uma medida que autoriza a entrega de ajuda humanitária às áreas controladas por rebeldes na Síria.

Richard Gowan, analista da Universidade de Nova York, classificou tais gestos como "uma válvula de escape" que adia uma solução política mais ampla para os conflitos. "Às vezes você vai ao conselho para mostrar o quanto está com raiva", disse Gowan. "Às vezes você vai ao conselho porque se ganha tempo para conseguir um acordo".


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