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New York Times

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Análise

As ações pendentes no exterior

Por MARK LANDLER

Depois de uma campanha eleitoral dominada por temas econômicos, o presidente Barack Obama enfrenta agora um emaranhado de prementes questões de segurança nacional, tais quais a guerra civil na Síria e o impasse com o Irã acerca do seu programa nuclear.

Especialistas em política externa dizem que os EUA provavelmente irão oferecer negociações diretas ao Irã nos próximos meses, no que talvez seja um último esforço para evitar um ataque militar contra instalações nucleares iranianas. Funcionários do governo disseram que não há data marcada para o diálogo e não se sabe se o líder supremo do país, o aiatolá Ali Khamenei, daria suas bênçãos. Mas, com as centrífugas de urânio girando no Irã e Israel ameaçando uma ação militar por conta própria, a necessidade de evitar uma guerra pode fazer desse esforço diplomático a prioridade número um de Obama.

A Síria também exige uma resposta, diante do elevado custo humano da violência e do perigo de propagação de um conflito regional. Obama, porém, continua rejeitando os apelos para fornecer armas a grupos rebeldes.

Especialistas dizem que essa relutância em se envolver foi em parte política, mas também estratégica. "Num momento em que ele concorre com uma plataforma de acabar com as guerras no Oriente Médio, ele não quis ser visto como iniciando uma", disse Martin Indyk, ex-embaixador americano em Israel.

"Mas, se ele não tentar intervir de um jeito que lhe permita moldar um regime pós-Assad", disse Indyk, "há um alto risco de a Síria decair para o caos, e de uma guerra sectária se espalhar para o Líbano, o Bahrein e finalmente a Arábia Saudita."

O presidente também precisará lidar com o Paquistão, um Estado nuclear instável, cuja relação com Washington se desgastou durante sua Presidência. Ele terá de supervisionar uma saída ordenada do Afeganistão, onde a diminuição do papel americano ameaça devolver o país ao caos e à militância islâmica.

Há quem questione se ele irá repensar o uso intensivo de bombardeios teleguiados para matar supostos extremistas, uma política que se revelou mortalmente eficaz, mas que semeou um profundo ressentimento no Paquistão e Afeganistão.

Em termos mais amplos, Obama irá encarar uma Rússia sob a liderança agressiva do presidente Vladimir Putin, e a China com o problema oposto, navegando por uma tumultuada mudança no poder, após um escândalo que maculou os escalões superiores da sua liderança comunista.

Por razões de história e realidade política, um Obama reeleito deve dedicar mais tempo aos assuntos exteriores. De Richard Nixon a Bill Clinton, os presidentes tenderam a dar seu lance para o status de estadista nos seus segundos mandatos. A perspectiva de manutenção do impasse com os republicanos no Congresso dá a Obama ainda mais razões para favorecer a diplomacia em lugar da legislação doméstica.

Há também algumas tarefas pendentes dos últimos quatro anos, a começar pelos esforços frustrados de Obama para mediar um acordo de paz entre Israel e os palestinos. Mas vários especialistas duvidam de que o presidente se lance ao papel de pacificador do Oriente Médio.

O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, que tem uma complicada relação com Obama, também enfrenta seu eleitorado no começo de 2013, mas provavelmente permanecerá no poder, com um governo de direita. Isso pode dificultar a diplomacia da paz.

"Como ele já tem os dedos queimados e foi passado para trás por Netanyahu, precisará esperar para ver o resultado da eleição israelense", disse Indyk, que escreveu um livro sobre a política externa obamista, "Bending History" [dobrando a história].

Uma complicação adicional para os EUA: a Autoridade Palestina deve solicitar no mês que vem adesão à ONU como membro não-estatal. Se a ONU concedê-la, isso levaria o Congresso a interromper a ajuda não só à Autoridade Palestina como à própria ONU.

Pergunte a especialistas em política externa sobre outros temas que podem surgir no segundo mandato de Obama, e dois países aparecem: Índia e Cuba. A esperança é a última que morre para quem defende o fim de meio século de embargo comercial a Havana. E a Índia desponta como a maior aposta geopolítica do governo Obama: o giro americano do Oriente Médio para a China e a Ásia. Com mais quatro anos, dizem especialistas, Obama pode dar peso a uma política ambiciosa, mas incompleta.

Para ser convincente em reafirmar a presença americana na Ásia, dizem especialistas, será necessária uma presença militar robusta do mar Amarelo ao mar do Sul da China. Mas, a não ser que a Casa Branca e o Congresso cheguem a um acordo fiscal, o Pentágono enfrentará cortes orçamentários automáticos, privando-se da capacidade de projetar poder como antigamente.

Para que Obama concretize suas mais grandiosas visões no exterior, portanto, ele precisará continuar trabalhando com os mesmos deputados republicanos que o tolheram na frente doméstica no primeiro mandato.


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