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New York Times

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Dupla mostra nova geração latina

Por JOSH KUN

LOS ANGELES - Em 2010, Raul e Mexia Hernández montaram uma câmera e um teclado na sala de estar da casa deles, em San Jose, na Califórnia, para cantar uma música sobre os direitos dos imigrantes.

Mexia fez um rap sobre cozinheiros e empregadas domésticas e sobre os latinos estarem crescendo "como a pressão arterial". Raul entoou o refrão em espanhol ("Eu só quero ter sucesso/E agora querem me deportar"). Batizaram a música de "Todos Somos Arizona" (assim mesmo, em espanhol) e colocaram o vídeo no YouTube, como resposta a uma nova lei anti-imigração no Estado. A música rapidamente somou milhares de visualizações, e os irmãos ganharam um agente.

Mas esse não é só mais um caso de um vídeo amador que se torna viral. Para quem conhece a biografia dos irmãos, a música e o vídeo representam uma passagem de bastão. O pai deles, Hernán Hernández, é o baixista da banda Los Tigres del Norte, lenda da música "norteña", tão associada aos imigrantes de língua espanhola nos EUA que eles são conhecidos como "los ídolos del pueblo".

Há quatro décadas, os Tigres usam sua música -e seu imenso estrelato- para dar voz a histórias cotidianas de luta e triunfo e para comentar tudo -dos abusos da patrulha de fronteira americana à "guerra às drogas" nos EUA e no México.

Mas em "Arriba y Lejos" [Em cima e longe], recente álbum de estreia da dupla Raul e Mexia, os hinos de protesto ficam em segundo plano diante das bem produzidas batidas dançantes.

"Decidimos que, para fazermos um nome para nós mesmos, não poderíamos pegar carona na música política que os Tigres fazem há tanto tempo", disse Mexia, 33.

Os irmãos Hernández cresceram ouvindo a música de seu pai, mas suas inclinações musicais refletem principalmente sua criação como garotos de classe média nos antenados subúrbios de San Jose.

"Quando as pessoas descobrem quem é o nosso pai, querem saber por que nossa música não se parece com a dele", disse Raul, 25. "Eles ficam perguntando: cadê a sua "tejana" [chapéu de vaqueiro], suas botas e seu acordeão?"

Isso não impediu que "Arriba y Lejos" fosse aceito pela Univision e Telemundo, titãs da mídia em espanhol, e por revistas como a "People en Español".

"Eles são garotos dos EUA", disse Hernán Hernández. "Cresceram em um mundo muito mais diverso do que eu. Eles têm alguns amigos mexicanos, mas também têm amigos que são asiáticos, negros e europeus. Eles precisam se expressar de uma forma que seja autêntica quanto à forma como eles cresceram."

Hernández pai vive e faz música na Califórnia desde adolescente, no fim da década de 1960, quando ele e seus primos cruzaram a fronteira pela primeira vez para tocarem em um festival de música de San Jose.

Em "Arriba y Lejos", expressões em inglês pontuam com fluidez as frases em espanhol. O característico acordeão serpenteante e o impetuoso "bajo sexto" da música "norteña" surgem ao longo da ensolarada mistura pop do álbum, mas principalmente em flashes rápidos, eletronicamente retalhados.

A música, de influência mexicana, mas não predominantemente mexicana, busca atrair uma nova geração de ouvintes latinos cujos gostos, segundo os irmãos Hernández, não se alinham mais conforme as origens nacionais.

"Representamos o latino moderno", disse Raul. "Não importa se os seus pais são de Cuba, de Porto Rico ou da América Central, você tem a mesma sensação que nós temos: adoro minha origem, mas o que exatamente é meu?"


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