Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Opinião

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Alta de credibilidade

A decisão do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) de aumentar a taxa básica de juros em meio ponto percentual, para 8% ao ano, mesmo com o decepcionante crescimento do PIB no primeiro trimestre, indica preocupação mais aguda com a inflação.

Após ter sua credibilidade erodida desde 2012 --pela incerteza quanto às intenções diante da piora do quadro inflacionário e pelas intromissões do Planalto--, o Copom busca enfim recompor suas credenciais de guardião da moeda.

A intenção de acelerar a alta dos juros havia sido sinalizada pelo presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, ao longo das últimas semanas. Certamente decorreu do nível preocupante da inflação ao consumidor, a despeito de preços agrícolas estarem em queda no atacado.

Outro fator importante para a correção de rota foi o anúncio pelo governo federal de mais frouxidão no Orçamento. A meta de resultado primário (saldo de receitas e despesas antes dos gastos com juros) foi reduzida de 3,1% do PIB para 2,3%. E tudo indica que o resultado final ficará aquém disso.

A expansão dos gastos, avessa à necessidade do momento, realimenta a tendência inflacionária e deve ter preocupado o BC, que ainda mantinha em suas projeções a premissa otimista de um cumprimento da meta de superavit.

O lado positivo, para o governo, é que a decisão do BC pode prestar um grande favor à presidente. Em que pese a expectativa de redução da inflação no segundo semestre --é provável que o IPCA recue de 6,49% em abril (taxa acumulada em 12 meses) para menos de 6% no final do ano--, os riscos para 2014 são consideráveis.

A debilidade do PIB e a persistência da inflação constituem uma combinação esdrúxula, que pode piorar ainda mais caso o dólar continue a se valorizar, o que encarece importações e contribui para atiçar a inflação.

O pior cenário para Dilma Rousseff seria entrar em ano eleitoral com um estouro do teto (6,5%) da meta de inflação. Uma ação mais decidida para ancorar a inflação pode render-lhe bons dividendos.

A decisão do BC, apesar de amarga, vem em boa hora. Talvez consiga devolver alguma firmeza à gestão da economia, perdida em devaneios intervencionistas. Novamente, recai sobre a política monetária, sozinha, todo o ônus de evitar um cenário de descontrole macroeconômico.

O Brasil continua a impressionar o mundo, agora negativamente: é o único país de relevância cujos juros se encontram em ascensão.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página