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A oferta do Taleban

Após várias sinalizações frustradas e 12 anos de guerra, o grupo fundamentalista Taleban afirmou, no último dia 18, que aceita negociar um acordo de paz com os Estados Unidos e o governo afegão.

Segundo análise de militares americanos, é a única saída para pôr fim ao conflito. Tudo indica que o próprio Taleban já concluiu que não tem chances reais de voltar ao poder, mesmo que hoje pareça impossível derrotá-lo de vez.

O anúncio foi feito por porta-vozes do Taleban no Qatar, onde o grupo, em busca de reconhecimento político, abriu escritório nos moldes de uma embaixada. Seus objetivos militares estariam agora "limitados ao Afeganistão", em clara menção ao trauma dos EUA com o 11 de Setembro, planejado pela Al Qaeda sob a proteção do grupo.

Pouco antes do anúncio, uma cerimônia em Cabul formalizara a transferência do comando da luta contra o Taleban para as forças de segurança afegãs, nova etapa do cronograma de retirada da maioria das tropas da Otan até o fim de 2014. Só os EUA têm hoje cerca de 64 mil militares no país islâmico.

Embora o anúncio do Taleban seja uma boa nova, representa ainda um passo tímido diante de inúmeros obstáculos. O primeiro foi oposto de imediato pelo presidente afegão, Hamid Karzai: surpreendido pela "embaixada" no Qatar, atacou o status diplomático elevado demais para um grupo que considera terrorista. Karzai diz que só aceita negociar em Cabul, contrariando a posição americana.

Uma incógnita mais importante é o papel militar dos EUA após 2014 e o tipo de apoio que deve manter ao governo local. Com as forças de segurança afegãs ainda frágeis e mal organizadas, Washington precisará dosar a retirada para que o Taleban não cresça no seu vácuo.

Faz parte da intricada equação, ainda, o papel do vizinho Paquistão, onde o Taleban tem aliados políticos e capacidade de realizar ações cada vez mais ousadas, como o recente assassinato de nove turistas estrangeiros numa região até então considerada segura.

A resistência do Taleban no campo militar e o apoio de que goza entre 30% dos afegãos (segundo a ONG Fundação Ásia) indicam que, sem negociações para a paz, haverá mais derramamento de sangue --cerca de 15 mil civis foram mortos desde 2007, quando a ONU iniciou a contagem-- e espaço para ainda mais instabilidade regional.


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