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Carlos Heitor Cony

Mistérios do massacre

RIO DE JANEIRO - Escrevo esta crônica para abordar um caso que ainda não está encerrado nem apurado. Na última segunda-feira, na Vila Brasilândia, na zona norte da cidade de São Paulo, uma família de cinco pessoas foi assassinada. No momento, há duas linhas de investigação que mobilizam a polícia e que, na realidade, estão chocando o Brasil inteiro.

Primeira linha: um menino de 13 anos, filho de um casal de policiais, mata o pai que estava dormindo e mata a mãe, que, de certa forma, tentou reagir ao crime. Logo depois, o mesmo menino mata a avó e a tia-avó, que também estavam dormindo, numa casa anexa. Usa uma pistola profissional, cujo coice pode derrubar o atirador. Vai (ou não vai) à escola, horas depois volta ao local do crime e se suicida com a mesma arma.

Segunda linha de investigação: a mãe do menino, cabo da polícia, teria delatado alguns colegas ligados a bandidos especializados em assaltar caixas eletrônicos e de cometer outros crimes paralelos. Em represália, os criminosos decidiram acabar com a família inteira.

O caso, nas duas hipóteses, até agora tem mais furos do que um queijo suíço. Não explica nem convence ninguém. Espera-se que as autoridades paulistas desvendem as incoerências de ambas as versões. De qualquer forma, para todos nós que formamos a população brasileira, o massacre da Vila Brasilândia revela um estágio da nossa sociedade que nos deprime e irrita.

Tanto a hipótese do garoto de 13 anos que matou quatro pessoas (pai, mãe, avó e tia-avó) como a da vingança de policiais que exterminaram a família de uma colega que teria delatado os bandidos incrustados na própria polícia servem para uma reflexão amarga sobre os tempos em que vivemos.

Num e noutro caso, temos motivos para duvidar dos valores da sociedade da qual fazemos parte.


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