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O futuro dos juros
Mais que pela decisão a ser tomada a respeito da taxa básica de juros (Selic), a reunião de hoje do Comitê de Política Monetária é importante pelos sinais que o Banco Central emitirá sobre os próximos passos da política monetária.
O cenário econômico é de grande incerteza. De um lado, há o risco inflacionário, ampliado pela desvalorização abrupta do real diante do dólar. Com o novo patamar do câmbio, são inevitáveis repasses nos preços de bens de consumo final e de cadeias produtivas que utilizam insumos importados.
Soma-se a isso o preço interno da gasolina, muito defasado --cerca de 30%-- em relação à cotação internacional. Se houver um aumento, de resto defensável, de pelo menos 10% nos próximos meses para reduzir os prejuízos da Petrobras, haverá impacto de 0,5 ponto percentual no IPCA.
Por fim, os preços são pressionados pela política fiscal expansiva, com gastos públicos elevados.
São fatores que recomendam ao Banco Central manter, em seu comunicado, indicativos de que novos aumentos de juros são prováveis nas reuniões do Copom de outubro e novembro.
Por outro lado, a fraqueza da atividade econômica justificaria atitude menos austera. Se tudo o mais sugere que a taxa hoje passará de 8,5% para 9%, nada impede o BC de prenunciar que as altas de juros estão próximas do fim, ou mesmo que podem ocorrer em ritmo menor no restante do ano, com incrementos de 0,25 ponto percentual.
De fato, não são animadoras as perspectivas para a economia --a confiança de empresas e consumidores diminuiu, os estoques industriais estão altos e a criação de empregos está bem mais lenta.
Embora não se descarte um resultado razoável no PIB do segundo trimestre, a ser divulgado nesta sexta-feira, a economia dificilmente crescerá acima de 2% no ano, e o prognóstico para 2014 não se apresenta melhor.
Trata-se, sem dúvida, de equação complexa para o Banco Central resolver, sobretudo por não contar, nesse esforço, com o auxílio do governo federal, a quem caberia demonstrar maior preocupação com a gestão orçamentária.
