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Carlos Heitor Cony

Nada de novo

RIO DE JANEIRO - Programa dominical da Rede Globo apresentou assunto recorrente e requentado: os Estados Unidos monitoram dia e noite não apenas dona Dilma mas também altos funcionários do nosso governo.

Uma novidade velha de muitos anos. Em 31 de março de 1964, véspera do golpe militar daquele ano, mensagem oficial de Washington informava ao embaixador Lincoln Gordon que Juscelino Kubitschek encontrara secretamente o ministro da Guerra de João Goulart, general Jair Dantas Ribeiro, que estava internado no Hospital dos Servidores do Estado.

A situação nacional não podia estar pior. Dois comandantes de regiões militares, Mourão Filho (MG) e Amaury Kruel (SP) iam botar as tropas nas ruas para depor o governo. JK foi ao hospital na esperança de que o general assumisse o Ministério da Guerra para impedir o golpe.

Na suíte hospitalar, sem nenhuma testemunha, JK conversou com Dantas Ribeiro. Cerca de 15 minutos depois, o embaixador Gordon, em vez de informar Washington, era informado oficialmente por Washington do teor da conversa entre JK e Dantas Ribeiro.

Fac-símile da mensagem da CIA está publicada no meu livro "Memorial do Exílio", de 1982. Eis a tradução da mensagem: "Em 29 de março de 64, Juscelino Kubitschek de Oliveira visitou o Ministro da Guerra, general Jair Dantas Ribeiro, no Hospital dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro. Kubitschek disse a Ribeiro que os recentes eventos acerca da crise no Ministério da Marinha o convenceram de que o presidente João Goulart perdera o controle da situação e estava cercado de esquerdistas e comunistas, e não voltaria atrás (...)".

O mesmo ocorreria, mais tarde, com a CIA informando o presidente Geisel das manobras de seu ministro da Guerra, Sílvio Frota, que tencionava depô-lo.


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