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Opinião

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Largada argentina

A importância das eleições legislativas na Argentina, disputadas hoje, vai além da renovação de metade da Câmara e de um terço do Senado. Estão em jogo, no fundo, a possibilidade de um terceiro mandato da presidente Cristina Kirchner e a configuração do pleito presidencial de 2015.

Se, como sugerem as pesquisas, o novo Congresso for mais hostil a Cristina --afastada da campanha após cirurgia para retirada de um hematoma craniano--, a presidente não terá os dois terços necessários para alterar a Constituição e tentar uma segunda reeleição.

Os maus presságios para o oficialismo decorrem sobretudo da deterioração econômica, que o governo insiste em maquiar.

A inflação estimada por institutos independentes está em torno de 25% ao ano, enquanto o cômputo oficial registra índice de 10%. Também sobre o PIB pairam incertezas. O governo projeta crescimento de 5,1% para este ano, mas a estimativa do FMI é de 3,5%.

Com indicadores sob suspeita, a melhor régua para medir a insegurança econômica é o câmbio paralelo, mais perto da economia real e cada vez mais usado pelos argentinos como proteção contra a inflação alta e a ameaça de desvalorização do peso após as eleições.

O valor da moeda local diante do dólar no mercado paralelo atingiu seu nível mais baixo desde maio. A diferença para o câmbio oficial, virtualmente inacessível no varejo desde 2012, chega a 71%.

Com a população cada vez mais insatisfeita, oposicionistas conquistam espaço no tabuleiro político. Entre dezenas de partidos (50 agremiações têm candidatos nestas eleições), deve despontar Sergio Massa, prefeito de Tigre (cidade do subúrbio de Buenos Aires) e candidato a deputado pela Frente Renovadora --agremiação peronista que reúne importantes dissidentes do kirchnerismo.

No campo governista, tende a haver uma difícil reacomodação. O messianismo concentrado no casal Néstor e Cristina Kirchner impediu o surgimento de outros líderes fortes --processo semelhante ao da Venezuela de Hugo Chávez.

Como Cristina provavelmente não disputará a eleição em 2015, a disputa de hoje lançará as primeiras luzes sobre os caminhos da Argentina após mais de uma década governada pelo casal Kirchner.


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