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Opinião

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A direção do Chile

De pouco serviu à governista Evelyn Matthei o bom desempenho econômico do Chile durante a presidência de Sebastián Piñera. Nas eleições realizadas domingo, foi a oposicionista Michelle Bachelet quem saiu na frente.

Tendo obtido 47% dos votos, contra 25% de Matthei, Bachelet é a franca favorita para vencer o segundo turno, em 15 de dezembro. Nas suas palavras, o país escolherá entre "dois projetos: um é o continuísmo, o outro é a mudança".

À primeira vista, a preferência pela mudança não é evidente. Sob Piñera, no poder desde 2010, o país cresceu 5,8% ao ano, com inflação baixa e equilíbrio de gastos.

Os resultados favoráveis, na verdade, antecedem o atual governo e decorreram de um consenso político --ao menos até agora-- em torno da economia. A rigor, não há maiores diferenças entre Piñera, de centro-direita, e a administração anterior, de centro-esquerda e liderada pela própria Bachelet.

Responsabilidade orçamentária e governo reduzido, com impostos relativamente baixos e pouco gasto público fazem parte da até aqui bem-sucedida receita chilena. Por causa disso, o país tem mais serviços privatizados, caso da Previdência, e outros públicos, mas pagos, como as universidades.

Foi justamente a demanda por ensino universitário gratuito que impulsionou os protestos de 2011 no Chile. As manifestações, as maiores desde o fim da ditadura militar (1973-1990), logo traduziram-se em novas demandas.

Bachelet capitalizou parte desse sentimento ao prometer educação pública gratuita, reforma tributária e constitucional no intuito de combater a desigualdade --o Chile ainda tem o pior índice da OCDE, o clube dos países desenvolvidos.

Não lhe bastará a vitória, porém. Bachelet precisará de ampla capacidade de negociação no Congresso. Sua coalizão obteve a maioria simples na Câmara dos Deputados e no Senado, aquém do necessário para aprovar as reformas.

Além disso, a primeira eleição com voto facultativo revelou que também no Chile a população não aposta nos políticos. Menos da metade dos eleitores foi às urnas.

Embora o Chile mantenha situação privilegiada na América do Sul, a próxima presidente terá o desafio de, sem afetar a economia, equilibrar o descontentamento das ruas com um ambiente adverso no Congresso.


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