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Opinião

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Candido Mendes

A nossa esquerda a longo prazo

A próxima contenda presidencial, ineditamente, já apresenta o pré-candidato socialista como núcleo duro da esquerda brasileira

Após o impacto aluvial da aliança entre Eduardo Campos, governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB, e Marina Silva, ex-senadora e ex-ministra do Meio Ambiente, que não conseguiu criar na Justiça Eleitoral o Rede Sustentabilidade, as pesquisas eleitorais marcam a reação do establishment ao que representaria essa conjugação de uma esquerda para além do PT.

O senador Aécio Neves, do PSDB de Minas Gerais e pré-candidato a presidente da República, não supera o ex-governador José Serra, do PSDB de São Paulo e que postulou o cargo em 2002 e em 2010, em nenhuma das estimativas da oposição, num quadro em que não é o simples saudosismo do ex-candidato à Presidência que se afirma, mas a imprecisão dos propósitos tucanos e a falta de nitidez de seu rival.

Não se extrai, por enquanto, uma convergência de iniciativas dos governos estaduais do país sob a bandeira do PSDB.

O cenário da vitória da presidente da República, Dilma Rousseff, sobre qualquer dos contendores permanece invariável, em torno dos 40%, e reduz-se também a expectativa de que Marina Silva possa transferir para o PSB, se candidata, os 20 milhões de votos que obteve na última campanha, em 2010.

O mais provável é que, segundo estimativas, 22% desse montante venham à candidatura petista.

É como se o mudancismo de Marina se dissipasse ante uma clara proposta de esquerda, como a do presidente do PSB. Eduardo Campos não tem, entretanto, mais do que 15% da opção eleitoral num primeiro turno, no momento atual das candidaturas oposicionistas.

O significativo é que a próxima contenda presidencial, ineditamente, já apresenta o pré-candidato socialista como núcleo duro de esquerda e como opção para o nosso desenvolvimento.

Depara-se aí o ganho na consciência popular de uma perspectiva de mudança consolidada pela nova representação do PSB, ao contrário dos esfacelamentos do status quo sob a legenda tucana. Isto é, as esquerdas da parte tucana estão divididas, enquanto o partido socialista demonstra ter unidade.

A tranquilidade eleitoral de Dilma Rousseff passa pelo fortalecimento da identidade ideológica do partido, corroído pela inédita permanência do poder.

Há que se superar a ambiguidade nas privatizações, um crescente vezo assistencialista, fora da justificativa das emergências naturais, mas, sobretudo, há que se superar o ataque às iniciativas de redistribuição da renda nacional.

Por certo, esta última iniciativa não se proclama na campanha eleitoral. Mas o seu enfrentamento, após a provável vitória petista, é crucial para o longo prazo, em que o partido de Dilma disputará a visão da mudança com o PSB.

É nesse horizonte que Eduardo Campos só teria a ganhar, no avanço de suas propostas, não precisando de concessões imediatas, abrindo um cenário realmente à esquerda, para a maturidade do nosso desenvolvimento.


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