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Opinião

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Pouca inspiração

Propostas do tucano Aécio Neves para uma plataforma presidencial de oposição são muito genéricas e quase nada avançam no debate

Baixos índices de crescimento, desequilíbrio crescente nas contas externas, dificuldades no combate à inflação e no controle dos gastos públicos, tentativas recorrentes de maquiagem nos dados oficiais.

Críticas como estas, externadas pelo senador e pré-candidato Aécio Neves (PSDB-MG) à gestão da presidente Dilma Rousseff (PT), são por certo pertinentes e não diferem do que vem sendo afirmado por uma significativa maioria de economistas e empresários.

Correspondem a um dos momentos mais incisivos do discurso com que o ex-governador de Minas Gerais lançou os "12 pontos" em que pretende basear um futuro programa de governo.

Ao concentrar-se na economia, o aspecto mais nítido do oposicionismo de Aécio parece dirigido antes aos que acompanham de perto as hesitações do ministro Guido Mantega (Fazenda) do que a parcelas amplas do eleitorado.

Já do ponto de vista político, o discurso do presidenciável tucano carece de contornos mais demarcados e de simbologia de impacto.

Seria prematuro exigir propostas pormenorizadas a esta altura da corrida presidencial. O tom genérico das afirmações, com efeito, não seria um pecado maior se não parecessem sobretudo triviais.

Estado eficiente; melhor gestão no setor da saúde; compromisso com a ética; educação de qualidade --nenhum ator do cenário político brasileiro deixaria de enumerar itens desse tipo em sua agenda de prioridades.

De um candidato da oposição, entretanto, seria de esperar algo mais do que simplesmente apontar o seu partido como capaz de empreender "com mais eficiência", ou "melhor", as metas de que também a situação compartilha, mas sem concretizá-las a contento.

Em alguns aspectos, a mensagem de Aécio avança no sentido de diferenciar-se criticamente do statu quo dilmista. Parece disposto, por exemplo, a defender com ênfase o legado do governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), algo que José Serra e Geraldo Alckmin sempre hesitaram em fazer.

Ainda é pouco, todavia, para um pré-candidato que fala em "mudar de verdade o Brasil".

Durante as manifestações de junho, parecia que larga parcela da população estava pronta para acolher mudanças variadas e profundas na administração e no sistema político do país; o campo para propostas inovadoras mostrou-se aberto como em poucas ocasiões.

O debate, entretanto, se fechou. Apesar de seus pontos pertinentes, a postulação de Aécio Neves não demonstrou, por enquanto, ter inspiração para revigorá-lo.


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