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Irã em dissonância

Declarações recentes de autoridades iranianas diminuíram a expectativa que se criou acerca da negociação de um acordo sobre o programa atômico persa.

Na semana passada, em entrevista à rede de TV americana CNN, o presidente do Irã, Hassan Rowhani, afirmou que seu governo não pretende destruir nenhuma centrífuga nuclear nem desativar o reator de águas pesadas de Arak, em tese usado para a medicina nuclear.

Antes, o ministro das Relações Exteriores do país, Mohammad Javad Zarif, havia declarado que, ao contrário do que os Estados Unidos sustentavam, Teerã não concordara "em desmantelar nada".

Tais manifestações em nada contribuem para a celebração de um pacto definitivo que substitua o tratado provisório em vigor desde 20 de janeiro. O documento, firmado em novembro entre o Irã e EUA, França, Reino Unido, Alemanha, China e Rússia, tem o propósito de distanciar a teocracia persa da fabricação de um arsenal atômico.

Por ora, em troca de submeter suas instalações nucleares a inspeções mais rigorosas, diminuir o grau de pureza de enriquecimento do urânio a 5% --adequado apenas para a produção de energia-- e inutilizar o estoque enriquecido acima desse nível, o país comandado pelo aiatolá Ali Khamenei receberá cerca de US$ 4,2 bilhões, verá algumas restrições econômicas serem abrandadas e, por seis meses, ficará livre de novas sanções.

Embora veiculada por emissora dos EUA, a mensagem de Hassan Rowhani tinha como maior interessado o público iraniano --setores ultraconservadores da sociedade persa são contrários a qualquer acordo com o Ocidente.

Além desse aspecto ideológico, nada indica que a elite local tenha subitamente perdido o interesse em poder contar com armas atômicas. Evidência disso é o grande volume de recursos destinado ao programa nuclear, desmesurado em relação à produção energética.

Neste domingo, durante conferência internacional sobre segurança na Alemanha, o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, encontrou-se a portas fechadas com o chanceler do Irã. Ao que parece, a conversa teve efeitos positivos.

Após a reunião, o ministro iraniano disse: "O que posso prometer é que vamos encarar as negociações com vontade política e boa-fé para chegar a um acordo, porque seria muito tolo de nossa parte barganhar por apenas seis meses".

Foi um alívio --temporário-- para a comunidade internacional. Mas, dentre as múltiplas faces que o Irã tem apresentado, não se sabe qual, afinal, prevalecerá.


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