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Ruy Castro

Nem musicais, nem brasileiros

RIO DE JANEIRO - Uma onda de musicais toma há alguns anos o teatro brasileiro. Não há semana sem um espetáculo baseado num compositor ou cantor --Dolores Duran, Noel Rosa, Clara Nunes, Renato Russo, Tim Maia, Cazuza, Elis Regina e, agora, Rita Lee e Cássia Eller-- ou importado da Broadway: "O Fantasma da Ópera", "Como Vencer na Vida Sem Fazer Força", "A Gaiola das Loucas", "A Noviça Rebelde", "O Violinista no Telhado", "Jesus Cristo Superstar".

Isso é ótimo. Revela que há toda uma nova geração de artistas capazes de cantar, dançar e representar, tornando a oferta de trabalho muito mais profissional --hoje, no Rio e em São Paulo, fazem-se "auditions" para compor o elenco de um espetáculo. Essa ampliação do mercado beneficiou também os coreógrafos, roteiristas, cenógrafos, iluminadores, figurinistas e outros especialistas exigidos pelos musicais.

Enfim, todos saíram ganhando. Exceto as duas categorias que deveriam ser as mais importantes desse ramo do teatro: os compositores e os letristas.

Musicais baseados na vida de um cantor ou compositor não são musicais, mas revistas. Usam material já composto, gravado e consagrado, à prova de surpresas --uma espécie de hit parade ao vivo. Quem vai fazer um musical sobre Elis Regina sem "Arrastão" ou sobre Cazuza sem "Bete Balanço"? O mesmo quanto aos importados: seus cenários, canções, texto, coreografia e luz já vêm prontos da Broadway, e não raro com os bagrinhos americanos para "supervisionar" a produção brasileira. A esta cabe fornecer as letras em português, nem sempre brilhantes.

O teatro musical brasileiro só existirá de verdade quando começar a produzir espetáculos originais, com músicas e letras inéditas. Para isso, temos grandes compositores e letristas --todos inativos. Só faltam produtores com confiança no taco.


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