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Carlos Heitor Cony

Onde está a verdade?

RIO DE JANEIRO - Contrariando o parecer da Comissão Nacional da Verdade (Brasília), uma Comissão também da Verdade (São Paulo), que tomou o nome de Vladimir Herzog, concluiu que o ex-presidente Juscelino Kubitschek foi vítima de um atentado na rodovia que liga o Rio a São Paulo, em 22 de agosto de 1976.

A verdade ainda espera por fatos novos. Em Brasília, o parecer que tende a ser o oficial não levou em conta o contexto internacional da época. A Guerra Fria estava no auge. Os EUA temiam que uma reviravolta derrubasse a ditadura militar, então ameaçada por uma nova Frente Ampla, formada por JK, Jango e Lacerda.

O jornalista inglês Richard Gott publicou um artigo no "The Guardian", em 4 de junho de 1976, que conduzia à conclusão de que as mortes dos três líderes foram obra da Operação Condor, organização de informações e repressão que unificou as políticas do Cone Sul.

Gott dizia em seu artigo, baseado em fontes especializadas em América Latina, que estava em curso alguma coisa semelhante à Operação Fênix, programa de assassinatos de lideranças financiado e assistido pela CIA durante a Guerra do Vietnã. O objetivo era atuar contra aqueles "capazes de agrupar o povo em uma campanha de resistência contra os militares no poder".

O artigo foi escrito poucos dias depois do sequestro e assassinato, em Buenos Aires, do ex-presidente boliviano Juan José Torres, que havia sido deposto por um golpe militar e estava exilado na Argentina.

Dois meses depois, morria na Dutra o ex-presidente Juscelino Kubitschek; um mês depois era vítima de atentado em Washington o ex-ministro de Salvador Allende, Orlando Letelier. Mais três meses, em dezembro de 1976, morria no interior da Argentina o ex-presidente João Goulart e, cinco meses mais tarde, em maio de 1977, Carlos Lacerda.

Assim morria a Frente Ampla.


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