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Opinião

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Conflito sem fim

Há nove meses, o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, comandou o início de nova negociação de paz no Oriente Médio. Quando a tentativa naufragou, ele fez dura previsão: Israel corria o risco de se tornar um "Estado de apartheid", caso não assinasse um acordo de paz com os palestinos.

A má repercussão nos EUA levou Kerry a se retratar dias depois. Mas sua escolha de palavras dá uma ideia dos riscos do prolongamento indefinido do conflito.

A gota d'água, desta vez, foi o anúncio de um pacto de coalizão entre o moderado Fatah de Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), e o radical Hamas, considerado uma organização terrorista por americanos e israelenses e que não reconhece o Estado de Israel.

Para analistas, a reconciliação das duas facções após sete anos foi uma tentativa de Abbas de pressionar Israel a ceder em alguns pontos nas negociações antes do prazo final, vencido nesta semana.

Se foi essa a intenção, não funcionou. O premiê israelense, Binyamin Netanyahu, se retirou da mesa de negociações. "Ele [Abbas] tem de escolher: quer paz com o Hamas ou com Israel?"

Culpar apenas os palestinos seria injusto. Pressionado por seus próprios radicais, Netanyahu prosseguiu, durante as negociações, com a construção de 13 mil moradias em territórios ocupados na Cisjordânia e no leste de Jerusalém.

"Como você pode dizer que está planejando construir no lugar que no final será palestino?" --questionou Kerry nas negociações.

Outro percalço afetou o acordo inicial para a libertação de 104 prisioneiros palestinos por Israel, em quatro etapas. O último grupo deixou de ser solto em março, sob a alegação de que não havia avanços no diálogo. Em represália, a ANP retomou a adesão a 15 agências internacionais, uma forma de buscar o status de Estado.

No fundo, todos esses embates são decorrência do impasse essencial: a delimitação de uma fronteira clara entre Israel e um eventual Estado palestino.

O novo fracasso tem sabor amargo para Kerry, que colocara a solução do conflito como prioridade máxima. Durante as negociações, ele se reuniu 34 vezes com Abbas e o dobro disso com Netanyahu, segundo "The New York Times".

O revés será ainda mais duro para a população civil da região, que agora teme mais um ciclo de recrudescimento da violência, fruto da incapacidade de seus líderes para obter uma paz duradoura.


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