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Opinião

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Propostas econômicas

Já nas ruas, candidatos à Presidência sonegam informações relevantes e oferecem agendas vagas, para prejuízo do eleitorado

A situação é recorrente. O candidato sabe que, se eleito, precisará implementar ações impopulares. Sabe também que sua chance de vencer será menor se prometer adotar tais medidas. Assim, evita aferrar-se a iniciativas específicas e apresenta seus planos de forma tão vaga quanto possível.

Dado o atual cenário econômico do país e a necessidade de ajustes a partir de 2015, é razoável supor que a disputa presidencial deste ano será repleta desse tipo de informação sonegada --para prejuízo do eleitor, obrigado a escolher entre plataformas incompletas.

Os principais adversários da presidente Dilma Rousseff (PT) emitiram sinais de que vão repetir o padrão. Embora a campanha não tenha começado oficialmente, Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) já estão nas ruas; a agenda econômica que pretendem abraçar, contudo, não aparece com clareza.

Tome-se a política de valorização do salário mínimo. Mais da metade das despesas sociais, em particular o INSS, é indexada a esse ordenado, o que impõe pesados custos para o Orçamento. Muitos analistas, inclusive próximos ao governo, defendem moderação por algum tempo com o objetivo de conter gastos.

Em queda nas pesquisas, Dilma anunciou que manteria a regra atual, que impõe aumentos acima da produtividade da economia. Popular à primeira vista, a medida tem efeitos perniciosos no médio prazo: aumentos de impostos e de deficit na Previdência Social.

A oposição, para não ficar atrás, assume compromissos semelhantes, mesmo sabendo que o caminho certo a seguir exige ajustes capazes de conter a escalada de despesas do governo. Do contrário, será difícil diminuir a inflação e acelerar o crescimento do PIB.

As tarifas públicas são outro exemplo. Está claro que será necessário recompor os preços de energia elétrica para compensar a alta no custo de geração. O mesmo deverá ocorrer com a gasolina, mantida artificialmente baixa com enormes prejuízos para a Petrobras e todo o setor de etanol.

Enquanto Dilma Rousseff nega que seja necessário um "tarifaço", que candidato ousaria falar francamente sobre o tema?

Descontente e desconfiada, a maioria dos eleitores manifesta desejo por mudanças na condução do governo, mas, à falta de alternativas claras, não identifica quem pretende dar novo rumo ao país.

Não surpreende que, segundo o Datafolha, 52% dos que tencionam votar em Aécio Neves aleguem falta de opção melhor; o índice é de 62% no caso de Eduardo Campos.

Entre um governo que precisa defender as escolhas feitas nos últimos anos e uma oposição hesitante diante dos ajustes necessários, o país vai perdendo um bom momento para discutir com transparência as opções para seu futuro.


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