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Opinião

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Nações paralisadas

Os sucessivos fracassos da Organização das Nações Unidas na tentativa de coordenar a gestão de crises e conflitos reiteram os limites da entidade e, sobretudo, os de seu Conselho de Segurança --único fórum da ONU apto a autorizar sanções econômicas e ações militares contra países que, no seu entender, violem leis internacionais.

Embora não se possa subestimar a complexidade de situações como a da guerra civil na Síria e a crise da Ucrânia, é inevitável constatar que o conselho esbarra em dificuldades para aprovar medidas concretas e indicar caminhos a serem seguidos.

Somente neste ano, o órgão teve 18 reuniões para discutir a situação síria; para o impasse político e social na Ucrânia, que neste domingo realizará eleições presidenciais, foram 13 encontros. Não houve nenhuma deliberação relevante.

Como é sabido, o direito de veto quase inviabiliza a tomada de decisões. Mesmo quando expressiva maioria se inclina por uma proposta, um único Estado pode impedir sua aprovação.

Dos 15 Estados integrantes do Conselho de Segurança, dez têm cadeira rotativa, em sistema de rodízio. O poder está concentrado nas cinco nações que, desde o fim da Segunda Guerra, guardam assento cativo e direito de veto: EUA, Rússia, China, Reino Unido e França. São notórias as divergências geopolíticas de tal clube.

Nesse terreno, nenhum país está livre de críticas. A Rússia, por exemplo, hoje protege o regime ditatorial da Síria; o histórico dos EUA registra 16 vetos desde 1990.

"Estamos de volta aos tempos mais sombrios e negros do Conselho de Segurança desde a Guerra Fria", declarou Jan Egeland, ex-coordenador de assistência humanitária da ONU ao jornal "The New York Times", em reportagem reproduzida por esta Folha.

Há anos discutem-se mudanças nas Nações Unidas com vistas a adequá-la aos novos tempos. Países como Alemanha, Japão e Brasil pleiteiam participação no colegiado permanente. Com mais membros, as decisões deveriam ser tomadas por maioria qualificada.

As perspectivas, contudo, não são animadoras. Sob a chave do realismo político, a ideia de reduzir ou compartilhar poderes não seduz os que hoje detêm a prerrogativa de bloquear a maioria.

Nesse contexto, a ONU parece fadada a se transformar numa entidade que consegue gritar, mas não morder, ficando aquém da missão que lhe foi confiada e do papel que deveria desempenhar.


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