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Ruy Castro

A próxima atração

RIO DE JANEIRO - O Departamento de Estado americano informa que, nos últimos quatro anos, dobrou a quantidade anual de heroína em circulação nos EUA e sua população de dependentes desta droga cresceu 75%. Que nos sirva de aviso: se os EUA estão sofrendo uma epidemia de heroína, não perdemos por esperar. O tráfico conta com nossa irrefreável tendência à macaquice.

Não que avisos sirvam para alguma coisa. O crack tomou Nova York nos anos 90 e os sucessivos alertas de que logo chegaria por aqui foram ignorados pelo governo Fernando Henrique --o mesmo Fernando Henrique que se bate agora pela legalização da maconha, sob o argumento de que o combate a ela fracassou. Bem, a guerra contra o crack também já está perdida --por que, então, não incluí-lo no cardápio de drogas a legalizar?

Alguns dirão que a heroína é cara para o mercado brasileiro. Não caia nessa --afinal, para que serve o crime? E há várias gradações: da mais escura e "malhada", o "brown sugar", à mais clara e refinada. Cada usuário terá a sua de acordo com suas posses, até a expressão "brown sugar" ficar tão corriqueira quanto, hoje, a palavra crack e chegarmos a uma multidão de dependentes. Sabendo-se que a legalização da maconha não afetará o tráfico --este apenas migrará para os outros produtos--, a heroína será uma opção óbvia.

Até há pouco, ela era tida como uma droga urbana e, em particular, de Nova York, onde devastou cantores, jazzistas e roqueiros. Mas, não só. Atingiu também bancários, dentistas, alfaiates e quem quer que tenha se aproximado dela. Agora, depois de 50 anos de relativa hibernação, a heroína retomou Nova York e avança rumo à zona rural. É a maior prova de sua expansão.

No Brasil, tal expansão, assim que iniciada, pode se completar em apenas cinco anos. Arrisca, um dia, termos saudade das cracolândias.


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