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Opinião

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Mais gás para o clima

O presidente dos EUA, Barack Obama, rompeu o imobilismo americano no combate à mudança do clima. À revelia do Congresso, anunciou que até 2030 o setor de geração de eletricidade em seu país terá de cortar 30% (sobre os níveis de 2005) da emissão de gases que aprisionam calor na atmosfera e agravam o efeito estufa.

Obama chamou tais emissões de "poluição do carbono". Embora o dióxido de carbono (CO2), principal gás do efeito estufa, não faça diretamente mal à saúde, em 2007 a Corte Suprema confirmou a interpretação da agência ambiental americana (EPA) de que se trata de poluente, o que obriga a EPA a agir.

Obama usou e abusou dessa vinculação com a saúde, afirmando que a redução dos poluentes evitará milhares de casos de asma. É um modo perspicaz de dourar a pílula dos cortes, que ceifarão entre US$ 7 bilhões e US$ 9 bilhões anuais do PIB --mas trarão ganhos de US$ 55 bilhões a US$ 93 bilhões ao ano com a prevenção de mortes prematuras e despesas médicas, segundo cálculos da EPA.

As promessas ambientais do presidente americano foram até aqui frustradas pelo Congresso. Mesmo as reduções ora anunciadas --e ainda em consulta pública-- enfrentarão obstáculos nos outros Poderes. Estados que são grandes produtores de carvão estarão na linha de frente contra as medidas.

Verdade que as emissões americanas já caíram muito, mas em razão da crise econômico-financeira e não o bastante para o país cumprir as metas assumidas em 2009.

Isso ficou facilitado após o boom americano do gás de xisto (ou folhelho), que permite substituir carvão por esse combustível mais eficiente e menos poluente.

A semana teve também uma sinalização (não mais que isso) da China de que poderá adotar um teto para suas emissões a partir de 2016. Como a informação partiu de um membro destacado do Painel de Especialistas sobre Mudança do Clima chinês, é de presumir que possa ser levada a sério.

A China é hoje a maior consumidora de carvão mineral para geração de energia e a maior emissora individual de CO2. Mas tem também quase o dobro dos EUA em reservas recuperáveis de gás de xisto (as jazidas americanas, aliás, se encontram sob revisão --as da Califórnia perderam 96% do inicialmente estimado) e fechou em maio um acordo para comprar grandes volumes de gás natural da Rússia.

O mais importante é a chance que se abre para enfim ser destravada a negociação internacional para combater o aquecimento global. Até aqui, EUA e China, duas potências poluidoras, vinham bloqueando qualquer avanço. Talvez tenham abandonado a inércia --o que seria uma excelente notícia.


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