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Francisco Ribeiro Telles

TENDÊNCIAS/DEBATES

Redescobrir Portugal

As trocas comerciais dispararam e o potencial de crescimento está apenas no começo. Os investimentos recíprocos aumentaram

Nesta semana em que celebramos o início da Copa do Mundo e o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, vale a pena revisitar o significado atual das relações entre Brasil e Portugal.

Conhecemos a história que nos uniu e a forma intuitiva como ambas as sociedades souberam sempre interpretar e corresponder ao chamado que as circunstâncias e a economia pediam. Os brasileiros são a maior comunidade "estrangeira" a viver, plenamente integrada, em Portugal. Portugueses e luso-brasileiros são componente inalienável da sociedade brasileira, que vem rejuvenescendo com o contributo de muitos profissionais portugueses altamente qualificados.

Essa cumplicidade é uma vitória da história e da língua que partilhamos, mas é também uma riqueza inesgotável numa fase tão exigente da vida internacional. O atual ciclo de relacionamento cultural, empresarial e artístico provavelmente não tem precedentes. O intercâmbio de professores e estudantes revela uma intensidade de trocas, de pessoas e de ideias como nunca tivemos. O turismo brasileiro em Portugal não para de crescer. A cooperação científica e tecnológica, nomeadamente em São Paulo, é auspiciosa, e o Brasil reconhece cada vez mais Portugal como um país na vanguarda da inovação --na nossa última cimeira, assinamos importantes acordos na área da investigação e nanotecnologia.

As parcerias entre agentes públicos e privados na produção artística sucedem em ritmo impressionante, beneficiadas por uma circulação fácil. As trocas comerciais dispararam e o seu potencial de crescimento está apenas no começo.

Nunca tantos brasileiros se interessaram por investir em Portugal, quer em imobiliário, quer em projetos empresariais, encorajados não só pelo "visto gold" (que concede autorização de residência a quem invista), mas também pelas oportunidades de negócio que a economia portuguesa, em recuperação, permite antecipar. Os investimentos recíprocos cresceram. Apesar das diferenças de dimensão, Portugal continua a ser um importante e contínuo investidor no Brasil e empresas brasileiras como a Embraer, Camargo Corrêa, Odebrecht ou a Globo não escondem as vantagens da escolha do nosso país para ali se instalarem.

A história recente das nossas empresas neste país passa pelos avultados investimentos da década de 90, mas também por muitas e novas MPME (micro, pequenas e médias empresas), que aqui vêm atuando em áreas inovadoras, crescentemente diversificadas e com valor agregado, moldadas em parcerias locais que lhes dão capilaridade. São marcas da redescoberta mútua.

Quer no acesso ao mercado europeu, quer no africano, Portugal e Brasil podem promover alianças estratégicas, articulando escala com experiência, e desenvolver cadeias de valor por meio de investimentos cruzados. Trabalhar o potencial econômico da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa e concluir um acordo entre União Europeia e Mercosul ampliaria as vantagens.

A relação entre brasileiros e portugueses tem uma mística própria, em que nos permitimos o que apenas entre família consentimos. Esse é tão só o ponto de partida. O que podemos fazer é uma promessa.

Desejo felicidades ao Brasil nesta Copa das Copas e faço votos para que nos encontremos na final. Uma final em português.


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