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EUA, Irã, Iraque

Pela primeira vez em mais de uma década, representantes dos governos dos Estados Unidos e do Irã se reuniram para discutir um assunto de interesse comum à segurança dos dois países: o avanço de grupos terroristas no Iraque.

Tais conversas ocorreram no início da semana, às margens das negociações diplomáticas sobre um acordo definitivo para o programa nuclear iraniano. Mesmo que ambas as partes tenham descartado qualquer possibilidade de cooperação militar, trata-se de mais um passo na reconstrução do diálogo bilateral, após longo período de animosidades mútuas.

Estabilizar o Oriente Médio interessa tanto aos EUA como ao Irã. Para Washington, a contenção de organizações terroristas representa questão de segurança nacional; para o regime teocrático xiita de Teerã, frear avanços de radicais islâmicos de confissão sunita constitui uma forma de preservar sua grande influência na região.

Atualmente, o Iraque é administrado por um premiê também de origem xiita, Nuri al-Maliki, que não governa para todos os iraquianos, mas apenas para os pouco mais de 50% que acompanham sua preferência religiosa.

É nesse contexto que se explica o rápido crescimento do grupo terrorista sunita Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EILL), organização dissidente da rede Al Qaeda e considerada ainda mais violenta e brutal que a matriz. Sua ofensiva rumo a Bagdá, capital do país, quase não enfrenta resistência das frágeis Forças Armadas locais.

No mesmo ritmo em que se multiplicam relatos sobre a violência do EILL --que afirma ter promovido um massacre no fim de semana, deixando 1.700 militares mortos, em episódio ainda sem confirmação independente--, diminui a confiança da comunidade internacional na capacidade de Maliki de pôr fim aos conflitos no país.

Prova disso é o remanejamento de 58 funcionários da ONU do escritório de Bagdá para o de Amã, na Jordânia. Um porta-voz da entidade afirmou que outros deslocamentos serão efetuados nos próximos dias, em movimento de evacuação que os EUA também adotaram em sua embaixada no Iraque.

Sem esforços do próprio governo iraquiano para garantir a participação política efetiva de todos os grupos sociais, dificilmente terão efeito quaisquer outras medidas, inclusive intervenções militares internacionais, como pede agora o desgastado premiê Maliki.

Nesse ponto, é positivo notar que Estados Unidos e Irã, os países com maior influência em Bagdá, estejam interessados, mesmo que por razões diversas, em buscar um Iraque menos sectário.


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