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Ruy Castro

Beleza aérea

RIO DE JANEIRO - Se o craque uruguaio Suárez imaginava poder cravar os dentes no ombro do italiano Chiellini como quem morde uma bruschetta, e continuar impune, é porque ainda não lhe contaram que não somos mais donos do nosso destino. Não há nada que se faça hoje e fique sem registro. Muito menos no futebol. Com os recursos de que dispõe agora --microcâmeras ocultas, filmagem por todos os ângulos, imagens em alta definição, "slow motion", ampliação de detalhes etc.--, a Fifa, se preciso, poderia tirar um molde virtual dos dentes de Suárez, incluindo os sisos, e confrontá-los com as marcas em baixo relevo na omoplata de Chiellini.

Nunca o futebol foi tão bem tratado em imagens como atualmente. O contraste ainda é mais formidável para quem foi contemporâneo da filmagem em película --em que, pelo custo do material, laboratório e revelação, quase nunca se filmava um jogo inteiro e, quando isso acontecia, usavam-se no máximo duas câmeras. As quais ficavam desligadas até surgir uma possibilidade de gol. Isso acontecendo, entravam em ação. Mas nem sempre dava tempo --daí que, na maioria daqueles gols clássicos a que hoje assistimos em vídeo, ao se ver a bola ela já está quase dentro da meta.

Para que não se pense que isso só se dava no tempo em que o Dondom jogava no Andaraí, saiba que, quando Carlinhos Niemeyer criou o "Canal 100", em 1959, ainda era assim. Levou anos para que a mídia usada para registrar futebol fosse o teipe.

O que mais me empolga nessas transmissões da Copa não é o controle eletrônico da linha do gol. Mas a câmera aérea, que, ao mostrar o replay de um gol, permite ver todo o campo e o desdobramento completo do lance que o originou.

Agora, sim --e pela primeira vez em mais de cem anos--, faz-se justiça à delicada beleza do futebol como esporte coletivo.


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