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Ruy Castro

À prova de vazamento

RIO DE JANEIRO - Há dias, aqui mesmo ("Algo a esconder", 14/7), criei algumas histórias em cima do fato verídico de que a NSA (Agência de Segurança Nacional dos EUA), na sua faina de descobrir terroristas, está lendo e-mails, ouvindo mensagens e bisbilhotando a conta de todo mundo na internet. Por todo mundo, entendam-se tanto as pessoas mais inocentes, como eu ou você --está bem, como você--, até a chanceler alemã Angela Merkel, que teve o telefone grampeado.

Na semana passada, Merkel expulsou o chefe da CIA na embaixada americana em Berlim, por aliciar funcionários da inteligência alemã para se tornar agentes duplos e vender informações aos EUA. Depois de sofrer com as polícias secretas nazistas e comunistas por quase 60 anos, é natural que os alemães não gostem de ser espionados. E, afinal, não somos aliados dos EUA? --pergunta Merkel. Por que espionar aliados?

Porque não há aliados no mundo digital. O homem de capa, chapéu e luvas, adentrando de madrugada um gabinete, vasculhando arquivos com a lanterna e subtraindo pastas de documentos datilografados ficou obsoleto. Hoje, sem sair de seu quarto, um escolar munido de um smartphone consegue furar os bloqueios de qualquer instituição e copiar seus documentos em 0,1 segundo.

Talvez por isso, o chefe do Parlamento alemão, o democrata-cristão Patrick Sensburg, tenha anunciado em televisão que ele e seus colegas estão considerando voltar a usar máquinas de escrever para redigir os documentos mais sigilosos. O apresentador perguntou-lhe se ele estava brincando. E Sensburg, na lata: "Não, não estou. Os russos já estão fazendo isso desde o ano passado".

Verdade? Se for, é uma revolução --segredos à prova de vazamento. Exceto se voltar também o homem de capa, chapéu e luvas, vasculhando arquivos de madrugada com a lanterna.


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