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Tramas da Turquia

Não houve surpresa na primeira eleição presidencial direta da história da Turquia, país conhecido como um raro exemplo de democracia no mundo islâmico.

Favorecido pelos recursos da máquina oficial e por um tempo de propaganda desproporcional nos meios de comunicação estatais, o primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan, 60, conquistou a vitória já no primeiro turno, disputado neste domingo.

Figura proeminente na última década, Erdogan obteve 52% dos votos para um cargo que, até agora, era de indicação do Parlamento e visto como simbólico em ampla medida. Poucos presidentes utilizaram todas as suas prerrogativas, que incluem veto de leis, nomeação de juízes e convocação de reuniões do gabinete de segurança nacional.

Dado o histórico do presidente eleito, dá-se como certo que ele tentará mudar essa orientação nos cinco anos de seu mandato.

Já no ano passado, quando Erdogan, líder do islâmico Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP), anunciou que concorreria ao posto (estava impedido por regras internas de disputar um quarto termo como primeiro-ministro), prometeu usar "a totalidade de seus poderes constitucionais".

Obrigado por lei a se afastar da liderança do AKP para assumir o novo cargo, especula-se que o atual premiê force a nomeação de um sucessor fraco. Assim, concentrará o poder em sua figura, conhecida pelos traços autoritários.

Permanece viva, afinal, a lembrança da violenta repressão policial aos protestos que pediam a preservação de um espaço verde de Istambul, em meados de 2013.

A partir de então, tornaram-se frequentes as manifestações críticas a seu governo, que chegou a bloquear o acesso dos turcos às redes sociais internacionais. Setores liberais e seculares, além disso, temem a crescente islamização do Estado turco, oficialmente laico, sob a liderança de Erdogan.

Mostraram-se decisivos nas urnas, de todo modo, o notável crescimento da economia turca e a melhoria de vida dos pobres e da classe média que o governo soube conduzir, aproveitando-se de uma conjuntura internacional favorável.

Eleito, Erdogan prometeu governar não só para seus eleitores, mas para os 77 milhões de turcos. Resta saber se há, por trás de suas palavras, mais que mero protocolo.


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